Um Gre-Nal, como qualquer grande jogo, pode ser decidido pelo fator técnico, pelo tático, pelo anímico e pelo físico. No caso do encontro número 436 entre Grêmio e Inter, sábado (19), no Beira-Rio, um jogador conseguiu unir esses quatro quesitos. O jovem atacante Elias foi o personagem da goleada de 3 a 0 que abriu caminho para o Tricolor disputar mais uma final de Gauchão.
A escalação de Elias foi uma das novidades de Roger Machado. Não pelo nome, pois ele havia sido titular nos jogos anteriores, mas pelo posicionamento. Com a volta de Diego Souza e a ausência de Ferreira no Gre-Nal, o treinador gremista apostou ao escalar Elias aberto pelo lado esquerdo do ataque.
Depois de Fabricio Bustos ter sido um dos destaques na vitória do Inter no Gre-Nal válido pela fase de classificação do Gauchão 10 dias antes, Roger precisava não apenas conter as investidas, mas também causar dificuldades ao argentino na fase defensiva. Essa medida tática foi um dos grandes acertos do técnico no clássico.
— O Elias é um especialista de lado. Ele está se adaptando a função de nove. Tem um ano que ele joga de nove, mas fez toda a formação pelo lado. Além do perfil físico, ele tem o que a posição precisa. Força, imposição e velocidade. Tem o gosto pelo gol. Não foi invenção, não foi mágica. Só que na ausência do Ferreira eu precisava de uma perna de velocidade. Eu já coloquei o Campaz como "meia ponta" do outro lado, o Gabriel jogou ali contra o Ypiranga, mas me dá outro tipo de jogo. Eu precisava de uma perna de velocidade — explicou Roger após o Gre-Nal.
Esse posicionamento rendeu a Elias um espaço que ele não teve jogando como centroavante no Gre-Nal anterior. Com campo para fazer valer seu potencial físico, ele arrancou aos 10 minutos em velocidade e, após falha de Kaique Rocha na tentativa do corte, teve Daniel à sua frente. Com a frieza e técnica dos grandes goleadores, o atacante de 20 anos bateu na saída do goleiro colorado para abrir o placar diante de mais de 30 mil colorados e para empolgação dos 2 mil gremistas.
Balançar as redes cedo deu ao Grêmio a vantagem anímica. O Inter sentiu o gol de Elias e logo veio outro. Em falha de Daniel, Bitello ampliou o placar, o que levou o clima no Beira-Rio a ser também um fator de pressão contra o time colorado.
O Inter até se colocou no campo de ataque, teve uma posse de bola de quase 70%, mas apenas uma finalização no alvo do primeiro tempo. Muito disso fruto da dedicada marcação do Grêmio, que contou com a ajuda dos extremas. Campaz pela direita e Elias pela esquerda foram fundamentais nesse cenário.
Na fase defensiva, Elias teve a missão de acompanhar Bustos até próximo da área gremista e dificultar as ações do argentino, que foi contido como todas as armas ofensivas de Alexander Medina.
— Estou muito feliz pelo gol. É fruto do nosso trabalho. Impusemos nosso jogo. Vamos escutar o que o professor tem a dizer para sair com a vitória — declarou o jovem ao término do primeiro tempo.
Depois de ouvir Roger Machado no vestiário, Elias voltou disposto a ampliar a vantagem gremista. Daniel até parou dois chutes dele logo no começo do segundo tempo, mas o golpe fatal tricolor teve a marca do garoto.
Aos 25 minutos, o goleiro colorado saiu de forma desesperada sobre Elias na área e cometeu o pênalti que deu a Diego Souza a chance de transformar o placar em goleada.
Com o Inter completamente batido, o Grêmio até poderia ter ampliado a vantagem de 3 a 0 tamanha a superioridade, técnica, tática, física e emocional. Tudo com ajuda de Elias, o personagem do Gre-Nal 436.