A demissão de Vagner Mancini ainda invicto em 2022 foi um raro caso no futebol brasileiro onde o desempenho acabou pesando mais do que o resultado. Pois antes de Roger Machado estrear, o Grêmio sofreu uma derrota para o União-FW que refletiu no placar os problemas que o time vinha tendo desde as primeiras apresentações no Gauchão.
As dificuldades apresentadas em todos os setores do time no 3 a 1 sofridos em Frederico Westphalen causaram preocupação na torcida e mostraram para o novo treinador que muitos ajustes terão de ser feitos.
O tempo para isso será curto. Nesta tarde, o treinador irá comandar a única atividade com o elenco na preparação do time para estrear diante do São Luiz, neste sábado (19), às 16h30min, na Arena. Depois, terá uma semana de trabalho antes de encarar o primeiro Gre-Nal em seu retorno ao Tricolor, marcado para o sábado da semana que vem. E já na semana seguinte, na terça-feira de Carnaval, irá fazer o confronto de jogo único pela primeira fase da Copa do Brasil contra o Mirassol, em São Paulo.
O tempo é curto e as tarefas são muitas para Roger colocar o Grêmio no rumo certo e devolver à confiança para uma torcida que iniciou o ano abalada após o rebaixamento no Brasileirão de 2021.
Definir o goleiro
Um problema do Brasileirão passado foi trazido para o Grêmio no começo desta temporada: a indefinição sobre os goleiros. O planejamento feito pela comissão técnica de Vagner Mancini definiu que haveria um rodízio nos quatro primeiros jogos do Gauchão. Gabriel Grando atuou nas vitórias sobre São José e Guarany-Ba, enquanto Brenno foi escalado no triunfo sobre o Aimoré e no empate com o Juventude.
Seria a partir do quinto jogo que Mancini definiria um titular. Com sua demissão, o Grêmio foi comandado pelo interino Cesar Lopes contra o União-FW, com Grando sendo o goleiro. Agora, Roger Machado deverá decidir entre dar sequência a Grando ou uma nova oportunidade a Brenno.
Ex-goleiro gremista e herói na Batalha dos Aflitos, Galatto aponta o rodízio feito no começo da temporada como um erro e diz que Roger Machado deve definir um titular e dar sequência.
— Um clube como o Grêmio tem de sair da pré-temporada com o goleiro definido, ainda mais que já vem do ano passado. Já teve tempo para definir um titular. Isso (rodízio) fica ruim até para os próprios goleiros, um vai para o jogo sabendo que vai fazer duas partidas e depois o outro jogará. Acaba atrapalhando eles, tira a confiança. Eu joguei na Europa e acontecia de um goleiro jogar a liga e outro a copa, mas todo mundo sabia que o titular era o da liga. Sou a favor que todos tenham a oportunidade, mas não intercalando dessa forma com rodízio — afirma.
Corrigir o sistema defensivo
Em cinco jogos com o elenco principal, o Grêmio só não sofreu gol do Guarany, o lanterna e pior ataque do Gauchão. Dos seis gols sofridos, quatro ocorreram após cruzamentos para a área, três com bola rolando e um em escanteio.
Ainda que tenha ido mal contra o União, Bruno Alves teve atuações seguras ao lado de Geromel, o que aponta para uma normalidade de manutenção da dupla de zaga para o início do trabalho de Roger. A dificuldade, porém, aparece nas duas laterais.
Na esquerda, Diogo Barbosa começou o ano mal e perdeu espaço para Nicolas, que teve atuação destacada na virada sobre o Aimoré e marcou o gol que evitou a derrota para o Juventude ao entrar nos minutos finais, o que lhe coloca em vantagem na disputa, apesar de ter sucumbido na derrota para o União-FW. Na direita, as opções são o ainda irregular Orejuela e o jovem Lucas Kawan, que tem até o momento apenas 45 minutos como profissional — iniciou contra o Aimoré, mas acabou substituído no intervalo.
Encontrar formação de meio-campo
Roger Machado foi contratado pelo Grêmio em um momento no qual Benítez e Campaz estavam no departamento médico. O argentino sequer será opção para o Gre-Nal enquanto o colombiano voltou a treinar, mas ainda é dúvida enfrentar o São Luiz. Outro que seria opção para o setor, o jovem Pedro Lucas também está no DM. Tudo isso aponta para dificuldades para Roger no setor de meio-campo.
Além disso, há também dúvidas quanto aos volantes. Titulares na reta final da temporada passada e no começo do Gauchão, Thiago Santos (suspenso contra o São Luiz) e Lucas Silva não apresentam as características dos volantes adequados ao estilo de jogo de Roger Machado. As opções a eles são o paraguaio Villasanti e os garotos Fernando Henrique, Mateus Sarará, Bitello e Victor Bobsin.
— Em 2015, o Roger tirou o Grêmio do buraco quando chegou pelo jogo de volantes. Ali estava a base, o equilíbrio do time. Hoje, isso é uma grande confusão porque o Mancini passou esse tempo todo sem definir o que queria. A questão dos volantes precisará ser resolvida de maneira rápida e é uma questão que vai dizer muito como será o próximo Grêmio — destaca o comentarista dos canais SporTV Sérgio Xavier Filho.
Naquela primeira passagem, em 2015, Roger Machado conseguiu rapidamente dar padrão de jogo para um time que parecia fadado a uma temporada de fracasso após o mau começo com Felipão. Os gremistas esperam que o treinador possa repetir isso neste ano e colocar o Grêmio no caminho certo rapidamente. Até porque o São Luiz antecede os importantes compromissos: Gre-Nal e início da Copa do Brasil.