Gabriel Grando ou Brenno? A resposta para a pergunta varia, mas dificilmente um gremista não tenha o seu nome preferido para ser o titular. É igualmente difícil saber quem será o dono do gol do Grêmio em 2022. Vagner Mancini anunciou que faria um revezamento entre os dois antes de definir o seu goleiro. Após o empate com o Juventude no domingo (13), o treinador anunciou o fim do revezamento sem divulgar quem fixaria na posição. Antes que o mistério terminasse, o que acabou foi a passagem do treinador pelo clube.
Na derrota para o União-FW na quarta-feira (16), Gabriel Grando foi o escolhido para atuar. Em cinco partidas com o elenco principal em 2022, Grando jogou em três, e Brenno em duas. Com a chegada de Roger Machado fica a expectativa de quem terá sequência no time.
Na prática, o que está acontecendo com os dois jogadores formados na base gremista é uma extensão do período nas divisões inferiores. A dupla ganhou oportunidades na equipe principal no ano passado. Por diferentes motivos, intercalaram períodos de titularidade. Brenno foi o escolhido como herdeiro de Paulo Victor. Seu bom desempenho rendeu um lugar na Seleção Olímpica.
No período em que esteve no Japão, Gabriel, então chamado de Gabriel Chapecó, ganhou oportunidade, foi bem e deixou o companheiro no banco ao retornar da Ásia com a medalha de ouro no peito. Depois, houve mais um período de Brenno sob as traves. Na reta final do Brasileiro, a responsabilidade foi parar as mãos de Grando, que terminou o ano com 31 partidas. Brenno foi utilizado em 36 oportunidades.
Nas divisões inferiores, o rodízio entre goleiros é considerado normal. Quando há dois jogadores com valências físicas e técnicas similares há um revezamento para que todos tenham uma minutagem semelhante. A medida visa dar uma oportunidade de formação para aqueles com bom potencial.
Nos profissionais, a situação muda de figura. A indefinição sobre quem jogará no gol é vista como um problema.
— Pode gerar insegurança. Às vezes fica a dúvida do que vai ser feito quando ocorrer um erro. Aí vai parar o revezamento? O técnico vai esperar o erro para definir o seu titular? A falha vai acontecer — avalia Carlos Pracidelli, ex-preparador de goleiros da Seleção Brasileira e de diversos clubes brasileiros.
Embora não seja comum, o rodízio de goleiros tem sido uma situação aventada por alguns técnicos. No São Paulo, Rogério Ceni cogitou alternar a utilização entre o criticado Tiago Volpi e o recém-chegado Jandrei. Por ser começo de ano, o ídolo do clube paulista cogita “experimentar jogadores para ter ideia no futuro do que pode ser feito”. A medida foi adotada por Ceni no seu período no Fortaleza. Felipe Alves e Marcelo Boeck alternaram em jogos da Copa do Nordeste, Brasileiro e Copa do Brasil.
A mesma ideia foi adotada por Jorge Sampaoli na sua chegada ao Santos, em 2019. O argentino pediu a contratação de Everson. A direção trouxe o goleiro, que antes de assumir a titularidade intercalou jogos com Vanderlei.
— A função do preparador é preparar todos para estarem no mesmo estágio. Quando há uma diferença grande, cabe ao preparado falar para o treinador que o goleiro B está melhor que o A e o C. É preciso ser o mais honesto possível — argumenta Pracidelli.
Brenno ou Gabriel Grando? A pergunta, agora, precisa ser respondida por Roger Machado.