A iminente saída de Douglas Costa do Grêmio foi motivada pela questão financeira. É assim, ao menos, que a direção tricolor trata o assunto. Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, o ex-vice-presidente de futebol do clube e membro do Conselho de Administração Marcos Herrmann garantiu que não teve problemas de relacionamento com o jogador.
— Pode ser que, eventualmente, alguém tivesse ciúme pelo salário, mas olha o currículo dele. Jogou Copa do Mundo. No entanto, ele jamais incorreu em nenhuma indisciplina comigo, ao contrário, sempre foi muito gentil e cumpriu os seus deveres. Nós estávamos satisfeitos com o rendimento? Não, porque ele não conseguiu jogar. Mas em relação à disciplina, ele nunca teve problemas comigo — afirma Herrmann, que complementou:
— Ele não conseguiu render tudo aquilo que esperávamos, teve as lesões, mas era extremamente disciplinado na parte da fisioterapia, sempre estava lá no horário, cumprindo os seus deveres. A gente fica entristecido, ele e nós, porque gostaríamos de ter tido melhores resultados. O fato é que ele tem muita bola no corpo. Desejo que tenha muito sucesso em outro clube e que o físico dele o ajude. Se as coisas acontecerem bem, ele vai voltar a brilhar.
Marcos Herrmann foi um dos responsáveis pelo acerto com o jogador, que chegou ao Grêmio em maio de 2021, quando ele era o responsável pela pasta do futebol no clube. O dirigente relatou que ambas as partes fizeram um esforço importante para que a negociação fosse concretizada, mas infelizmente o resultado em campo não correspondeu ao que se esperava. Por conta disso, ele lamentou a saída do jogador.
— É com tristeza (que vejo a saída de Douglas Costa), porque fizemos a contratação. Ele teve a melhor das intenções, certamente tentou dar o seu melhor e as coisas não aconteceram como ele queria e nem como nós queríamos — destacou.
Uma das polêmicas envolvendo a passagem de Douglas Costa pelo Grêmio foi o casamento do jogador. Quando o camisa 10 viajou para Punta Cana, em julho, Herrmann relatou que a ausência do atleta era planejada e estava estipulada em contrato. Porém, este foi o único período determinado para a celebração, que ganhou capítulos de tensão no fim do ano passado.
— Quando fizemos a negociação com ele, houve uma série de condições. Uma delas era sair para a festa de casamento em julho, em Punta Cana. Colocamos isso no contrato. Mas nunca falamos de um segundo, terceiro, quarto casamento. Se tivéssemos falado, teríamos colocado em contrato. O que está combinado, se cumpre. Mas não tinha nada combinado. Se criou uma narrativa de que eu tinha prometido, o meu sucessor disse isso até, mas não é verdadeiro — salientou o dirigente gremista.
Por fim, Marcos Herrmann confirmou que, após o rebaixamento à Série B, seria difícil para o clube honrar os compromissos financeiros com Douglas Costa. Por conta disso, o Grêmio acertou com o jogador um pagamento de 48 parcelas de R$ 150 mil, totalizando R$ 7,2 milhões, para rescindir o contrato.
— Vamos fazer um raciocínio simples. Terminamos o ano, embora o resultado futebolístico tenha sido muito ruim, com superávit. Só que vamos diminuir a nossa receita, grosseiramente falando, em torno de um terço. Temos de nos adequar. Na Série A, o valor que pagamos a ele não balançava as finanças. Mas este mesmo valor com uma receita um terço menor, seria realmente difícil de honrarmos — admitiu o ex-vice de futebol.
Segundo ele, que é um dos vice-presidentes que compõem o Conselho de Administração do clube, esse movimento tem como objetivo manter as contas em dia. Com o fim do mandato do presidente Romildo Bolzan Júnior se encerrando em 2022, a meta é entregar ao sucessor o Grêmio na Série A e com boa saúde financeira.
— A gente não pode perder a responsabilidade com o clube, e temos de entregá-lo da maneira adequada. E vamos fazê-lo. Vamos entregar o Grêmio na primeira divisão e com as contas em dia. Tenho absoluta convicção — assegurou Marcos Herrmann.