O Grêmio trabalha em duas frentes neste começo de semana. Enquanto no campo o técnico Vagner Mancini prepara o time para o jogo contra o Flamengo em busca da terceira vitória seguida no Brasileirão, fora dele a direção tenta conseguir a liberação para a volta da torcida à Arena a partir do confronto com o São Paulo, marcado para o dia 2 de dezembro. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) aceitou o pedido de liminar encaminhado pelo procurador-geral Ronaldo Piacente. GZH relembra a trajetória de Piacente na Justiça desportiva.
Ronaldo Piacente chegou ao STJD em 2014, tendo sido indicado pela Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf). Ele já foi presidente, vice-presidente, corregedor e vice-presidente administrativo no órgão. Em julho de 2020, Piacente foi um dos nomes indicados pela CBF na lista tríplice para Procurador-Geral da Justiça Desportiva e acabou eleito procurador-geral, por unanimidade, para a gestão 2020/2024 do Pleno.
Quando tomou posse, afirmou:
— Minha trajetória na Justiça Desportiva iniciou-se em São Paulo, sendo que posteriormente fui indicado para o STJD. Nessa casa Superior da Justiça Desportiva, fiz grandes amigos, os quais agradeço todo o carinho e apoio, não podendo deixar de consignar o apoio dos ex-presidentes Flavio Zveiter e Caio Rocha, que acreditaram no meu trabalho e me ajudaram na minha trajetória para vice-presidente e presidente do STJD. Aproveito a oportunidade para, em nome do nosso presidente Otávio Noronha, cumprimentar e agradecer todos os auditores que confiaram a mim a Procuradoria-Geral.
Por ter assumido a procuradoria já durante a pandemia, quando a presença de público estava proibida nos estádio, Ronaldo Piacente não teve na maior parte de sua gestão que lidar com situações envolvido brigas de torcedores. Por conta disso, o caso do Grêmio é o primeiro de grande repercussão que o envolve.
Como procurador, Ronaldo Piacente foi o responsável por encerrar o caso envolvendo o ex-zagueiro do Inter Pedro Henrique. Na ocasião, o Grêmio e outros oito clubes (América-MG, Chapecoense, Atlético-GO, Ceará, Cuiabá, Bahia, Juventude e Santos) reclamavam que o zagueiro havia participado de sete partidas do Brasileirão pelo Colorado antes de ser emprestado ao Sport e pediam perda de pontos do clube pernambucano.
Ao avaliar o recurso dos nove clubes, Piacente manteve o entendimento de que não houve irregularidade: "Considera-se como atuação o ato de iniciar a partida na condição de titular ou entrar em campo no decorrer da mesma como substituto", avaliou.
Explicação por celular de Sampaoli
No ano passado, Ronaldo Piacente chamou atenção ao denunciar o então técnico do Atlético-MG, Jorge Sampaoli, pelo uso de um aparelho celular durante a partida contra o Flamengo, no Mineirão. Na ocasião, o argentino estava nos camarotes por suspensão, e o procurador suspeitou que ele pudesse ter passado informações para algum membro de sua comissão técnica. Apesar da denúncia, Sampaoli e Atlético-MG acabaram absolvidos.
Polêmica com Del Nero
Em 2017, o nome de Ronaldo Piacente esteve envolvido em polêmica quando ele foi advogado de defesa do então presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, em uma ação de paternidade. Na época, Piacente era presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. O código de ética do Tribunal não restringe esse tipo de atividade, mas houve discussão sobre a aproximação de Piacente com Del Nero, já que a CBF pode ser alvo de algum julgamento do STJD.
— O fato de uma proximidade com qualquer pessoa não significa que você possa colocar dúvida sobre sua lealdade e credibilidade profissional. Somente se alguém beneficiar outrem pela sua proximidade e isso ficar provado, aí sim existirá uma suspeita — argumentou Piacente, na ocasião, em entrevista à ESPN.
O Grêmio foi denuncia no STJD pela invasão de torcedores ao gramado da Arena depois da derrota para o Palmeiras, em 31 de outubro, com base em dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), o 213 — que trata de invasão de campo — e 211 — "por deixar de manter o estádio com estrutura necessária para garantir segurança". O procurador Ronaldo Piacente fez um pedido para que o clube jogasse sem público até o julgamento, o que foi aceito pelo presidente do STJD, Otávio Noronha, em 3 de novembro.
Na mesma rodada em que Grêmio e Palmeiras jogaram, o técnico Cuca se envolveu em uma briga com funcionários do Maracanã após a derrota do Atlético-MG para o Flamengo. Piacente afirmou em entrevista ao jornal "Extra", na ocasião, que iria avaliar o caso para uma possível denúncia. No entanto, o treinador do clube mineiro não foi alvo da procuradoria pelo caso.