O 26 de novembro está marcado na história do Grêmio e costuma ser comemorado por muitos torcedores que jamais esquecerão da Batalha dos Aflitos. Pois quis o destino que um jogo chave na luta contra o rebaixamento que o clube trava neste Campeonato Brasileiro fosse disputado justo nesta data.
A partir das 19h, o Tricolor estará novamente no Nordeste, desta vez para encarar o Bahia, na Fonte Nova, para uma partida que certamente será lembrada nos próximos anos como marco tanto para o bem quanto para o mal na briga por permanência na Série A.
O Grêmio chega para a partida desta noite após um empate com o Flamengo que deixou uma sensação dúbia na torcida. Se por um lado não ter vencido time reserva rubro-negro frustrou as expectativas, a reação para buscar o 2 a 2 após estar perdendo por 2 a 0 e tendo um homem a menos em campo passou a sensação de que o time de Vagner Mancini será capaz de protagonizar uma arrancada que parecia improvável há algumas semanas.
Talvez o resultado desta sexta-feira contra o Bahia mostre se o clube gaúcho realmente ganhou um ponto ou se perdeu dois contra o Flamengo. Isso porque os baianos são adversários direto na luta contra o rebaixamento e estão uma posição acima na classificação. Se vencer, o Grêmio vai passar o time baiano e manterá viva a possibilidade deixar o Z-4 na próxima semana, quando receberá o também ameaçado São Paulo, na Arena. Por outro lado, uma derrota praticamente acabará com a esperança já que nem mesmo um aproveitamento de 100% nos últimos três jogos dará garantia de permanência na Série A.
A mobilização do Grêmio começou ainda no vestiário depois do empate com os rubro-negros, quando tanto a comissão técnica quanto a diretoria trataram de exaltar o poder de reação tricolor. A viagem para Salvador ocorreu dois dias antes da partida, algo pouco comum durante o Brasileirão, mas justificada pelo caráter decisivo do jogo desta noite.
— Agora é o lado da competitividade, garra e da determinação de colocar o coração na frente da razão, de tudo e fazer uma final de Mundial. Vamos deixar de lado técnica e tática, vai ser na raça — reforçou o vice de futebol Dênis Abrahão.
Ainda na terça-feira, na sala de imprensa da Arena, os discursos do presidente Romildo Bolzan Jr. e de Dênis contra a arbitragem não foram por acaso. Há no clube uma preocupação de que o Bahia possa ter vantagem pelo fato de o presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues, ser baiano. Na rodada anterior, o Cuiabá reclamou muito após ter tido dois gols anulados na Fonte Nova.
Essas reclamações e tentativas de pressão vindas não apenas do lado gremista, mas também já feitas pelo presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, são antigas no futebol e não surpreendem. Mas se espera que a partida seja decidida pelos verdadeiros protagonistas: os jogadores.
Mesmo que algum problema aconteça, será preciso que os atletas tricolores encontrem um poder de superação que a data de 26 de novembro inspira. Pois aquela vitória sobre o Náutico há 16 anos ganhou contornos históricos exatamente pela forma como o Grêmio saiu de uma situação tão adversa com dois pênaltis contra e expulsões para a eterna defesa de Galatto e o gol "inacreditável" de Anderson.
— Sabíamos da dificuldade, mas todos estavam preparados e concentrados. É preciso estar mais concentrado do que nunca. Se houver algum problema, tem de resolver. O Grêmio não tem chance de reagir na próxima rodada. É agora. Estamos falando há tempo sobre reação e chegou a hora. É o momento de dar um pouco mais. Se foi dado o máximo e não adiantou, é preciso mais — pediu o herói da Batalha dos Aflitos, o ex-goleiro Galatto.
Candidatos ao protagonismo de repetir uma vitória emblemática não são poucos. Gabriel Grando tentará repetir Galatto e sair da Fonte Nova sem ser vazado tendo a possibilidade de contar novamente com Kannemann e Geromel a sua frente. Apenas não sofrer gol, porém, não basta. Será preciso marcar. Neste cenário, Douglas Costa e Ferreira, formados na base como Anderson, são candidatos a heróis. Responsável por iniciar a reação contra o Flamengo, o colombiano Borja é sempre esperança de gols, assim como Diego Souza, que certamente será utilizado em algum momento da partida.
É hoje, como foi há 16 anos, uma decisão para o Grêmio que busca disputar a Série A do Brasileirão no próximo ano. É no Nordeste, como foi em 2005, com a esperança na torcida de que o 26 de novembro inspire os comandados de Vagner Mancini.