Não resta alternativa para o Grêmio. Após ter sido derrotado pelo Sport no reencontro com sua torcida na Arena, no último domingo, o Tricolor voltará a jogar diante dos gremistas, a partir das 21h30min, contra o Cuiabá com a obrigação da vitória em uma noite marcante para o técnico Luiz Felipe Scolari. Felipão fará nesta quarta-feira (6) sua partida de número 384 na casamata tricolor e passará Oswaldo Rolla, o Foguinho, para se tornar de forma isolada o segundo técnico que mais comandou o clube na história. Ele ficará atrás apenas de Renato Portaluppi, que tem a marca de 411 jogos.
Se por um lado a noite tem esse lado histórico pela marca que Felipão irá atingir, o Grêmio tem outra para se preocupar. Nesta quarta-feira (6), o clube completa quatro meses dentro da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. O Tricolor está entre os quatro últimos desde 6 de junho, quando foi disputa a segunda rodada. Dentro do objetivo de não apenas deixar o Z-4, mas também de necessidade de dar uma resposta positiva após o revés para o Sport, a vitória sobre o Cuiabá se mostra inadiável.
A derrota para os pernambucanos gerou tensão não apenas pelas vaias e críticas da torcida. Houve também discussões e cobranças internas. Conforme apurado por Zero Hora, uma forte discussão aconteceu ainda no vestiário da Arena entre jogadores, que iniciou com uma cobrança aos mais jovens da parte defensiva. O zagueiro Ruan tomou a iniciativa em nome desse grupo, mas o argentino Walter Kannemann também se posicionou do lado dos defensores. O argentino teve uma discussão mais ríspida com um atleta do setor de meio-campo.
A reapresentação do elenco na segunda-feira foi marcada por um longa reunião de aproximadamente duas horas. Felipão chegou a sair do ambiente em determinado momento para que os atletas conversassem entre si. A comissão técnica fez cobranças, mas também ouviu a posição dos jogadores. Há um entendimento entre alguns atletas de que o elenco do Grêmio se adapta melhor a jogar de forma mais ofensiva. Felipão ouviu essa avaliação, mas ponderou que a equipe melhorou sua campanha no Brasileirão a partir da imposição de um jogo com maior cuidado defensivo desde sua chegada.
Apesar de reforçar sua posição na conversa com os atletas, Felipão já havia buscado uma formação mais ofensiva contra o Sport, quando abriu mão da formação com três volantes e escalou Douglas Costa, Alisson, Ferreira e Borja juntos.
Para esta noite, o colombiano está fora, assim como Mathias Villasanti, que se apresentou à seleção paraguaia para a disputa das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022. Ou seja, duas alterações são obrigatórias no time. No comando do ataque, Diego Souza é o substituto natural de Borja. Para o lugar Villasanti há dúvida. Lucas Silva é o mais cotado, mas os garotos Mateus Sarará e Darlan também não opções.
Há possibilidade de uma outra troca no meio-campo: a entrada de Campaz. Essa ideia de ter um jogador com maior característica de armação vai ao encontro da ideia demonstrada pelos jogadores na reunião com a comissão técnica. Darlan como volante também se encaixa nesse cenário.
Essa dificuldade que o Grêmio tem tido para se impor dos jogos é algo que o Cuiabá tentará aproveitar. O técnico Jorginho admitiu ontem que sua equipe vem à Arena disposta a atuar no contra-ataque.
— Temos sido muito felizes fora de casa, muitas vezes o adversário vem em cima, faz uma marcação em linha alta e nos dá os espaços. O Grêmio não é uma equipe de fazer muito marcação alta, eles têm uma certa dificuldade, mas provavelmente, pelo resultado adverso contra o Sport, eles devem sair um pouco mais e isso pode nos dar uma boa oportunidade para jogarmos no contra-ataque — afirmou em entrevista coletiva.
O Cuiabá perdeu apenas um jogo como visitante neste Brasileirão, foi justamente naquele 6 de junho — dia em que o Grêmio entrou no Z-4 — para o Fluminense. No total, o adversário gremista nesta noite fez onze jogos fora de casa. Nos outros dez, obteve três vitórias e sete empates. Esse é apenas mais um desafio para o Tricolor superar na noite de marca histórica para Felipão e de necessidade de recuperação.