Não é de agora que o Flamengo se tornou o "bicho-papão" do futebol brasileiro. Apesar de ter conquistado o bicampeonato nacional em março, o Rubro-Negro viveu um período de oscilação sob o comando de Rogério Ceni. Tanto que resolveu trocar de treinador. E, agora, com Renato Portaluppi, os cariocas voltaram a ter atuações que, inevitavelmente, são comparadas às de 2019, quando Jorge Jesus levou o Brasileirão e a Libertadores na mesma temporada — fato, até então, inédito. E é contra este time que o Grêmio medirá forças pelas quartas de final da Copa do Brasil, conforme apontou o sorteio realizado nesta sexta-feira (6), na sede da CBF, no Rio de Janeiro.
Desde que Renato chegou ao CT do Ninho do Urubu, os flamenguistas venceram as sete partidas que disputaram, marcando 25 gols e sofrendo apenas três. Como de costume, Gabigol e Bruno Henrique assumiram a artilharia do elenco neste período, com cinco gols cada. A arrancada fez o clube deixar o modesto 12º lugar na tabela do Brasileirão e chegar ao 5º lugar, além de avançar às quartas de final da Libertadores, ao eliminar o Defensa Y Justicia, e da Copa do Brasil, passando pelo ABC.
— Sempre procuro trabalhar com o meu grupo para buscar as vitórias. Lógico que nenhum clube vai viver apenas com vitórias, mas trabalhamos para isso. Daqui a pouco vamos tropeçar, é normal. Nem o melhor time do mundo vence todas. Mas estou satisfeito, porque nosso dia a dia tem sido de muito trabalho e alegria. E essa alegria está sendo levada para dentro do campo. Temos feito boas atuações e conseguido os resultados que nos interessam. Por enquanto, tem dado certo — comentou Renato que, após bater o ABC por 6 a 0 no jogo de ida das oitavas de final, se deu ao luxo de mandar o auxiliar e o time reserva para o duelo de volta.
Dentro de campo, o ex-treinador gremista mantém a mesma base de time que levantou taças com Jesus. Com um estilo de jogo propositivo e agressivo, o Flamengo utiliza da velocidade de seus meias e atacantes para trocar passes curtos, se movimentar para confundir a marcação rival e invadir a área a todo momento. Porém, houve uma mudança no sistema tático: com Renato, a equipe joga no mesmo 4-2-3-1 implantado na Arena entre 2016 e 2021.
Antes, o português utilizava o 4-1-3-2, com Gabigol e Bruno Henrique jogando lado a lado no ataque. Sem Gerson, vendido ao Olympique de Marselha, Diego se transformou em um volante construtor, aos moldes do que era Maicon.
— Eu não gosto da comparação (com Jesus). Meu respeito é enorme pelo Jorge Jesus. Um dos mais importantes (treinadores) que tive. Eu amo ele e tudo que ele fez por mim e pelo clube. Uma pessoa admirável. O Renato está construindo a história dele no clube. O que eles têm em comum é a ambição em vencer e jogar futebol. Mas é o tempo que vai dizer as semelhanças e diferenças. O que importa é que os dois tem um DNA vencedor e queremos trabalhar para empilhar conquistas ao lado dele também — avaliou Diego em recente entrevista.
O time-base rubro-negro tem: Diego Alves; Isla, Gustavo Henrique, Rodrigo Caio e Filipe Luís; Willian Arão, Diego, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Bruno Henrique; Gabigol. Além destes nomes estrelados, há jogadores de destaque também no banco de reservas, como os atacantes Michael, Vitinho e Pedro, que costumar entrar e deixar suas marcas nas redes adversárias.
Diante de tanta qualidade técnica, fica até difícil apontar os pontos fracos deste time. Porém, analisando os três gols sofridos, até agora, pode aparecer uma pista para quem for enfrentá-lo. Na goleada de 4 a 1 sofrida pela Libertadores, os argentinos do Defensa Y Justicia conseguiram chegar às redes depois de marcar a saída de bola e pressionar o goleiro Diego Alves.
Os outros dois gols, marcados por São Paulo e Corinthians, vieram em cobranças de escanteios. No primeiro, Arboleda superou a defesa flamenguista pelo alto. No outro, após rebote, Vitinho acertou belo chute da entrada da área. Porém, os rivais foram vencidos dentro de suas próprias casas por 5 a 1 e 3 a 1, respectivamente. Ou seja, será preciso dois jogos perfeitos para superar os comandados de Renato.