Até bem pouco tempo, Fernando Henrique era apenas mais uma opção no elenco do Grêmio. Já havia disputado 11 jogos na temporada, mas quase sempre saindo do banco de reservas. Nos últimos 10 dias, porém, esta realidade mudou. Escalado pela primeira vez no clássico Gre-Nal válido pelo Brasileirão, ele entrou no time para não sair mais, sendo titular nas três partidas sob o comando de Felipão.
É verdade que a lesão de Thiago Santos e a convocação de Matheus Henrique para a seleção olímpica abriram espaço para sua afirmação, mas o jovem volante de 20 anos também mostrou alguns atributos que encantaram o treinador gremista, passando à frente de Darlan e Lucas Silva, por exemplo.
— Ele é um jogador que une tudo o que o técnico deseja de um meio-campista: firmeza na marcação, passe para a frente e velocidade de execução. É jovem ainda, ou seja, evoluirá e agregará mais recursos ao seu jogo. Podemos dizer que estamos diante de um diamante que ainda está em fase de lapidação. Demorou para que ganhasse lugar na fila no grupo do Grêmio. A única ressalva que faço, ainda, é quanto à medida de energia que dispende em alguns lances. Para a função que exerce, precisa ser mais cuidadoso ou pagará com cartões amarelos e, o pior, pode ficar marcado pelos árbitros. Mas isso é algo fácil de corrigir e faz parte do seu processo de amadurecimento — analisa Leonardo Oliveira, comentarista da Rádio Gaúcha e colunista de GZH.
Diante do Inter, por exemplo, o jogador potiguar foi o maior ladrão de bolas do Tricolor, com quatro desarmes, conforme levantamento do site SofaScore. Além disso, foi quem mais acertou passes (36), empatado com os zagueiros Geromel e Kannemann.
No jogo seguinte, contra a LDU, em Quito, o Grêmio abdicou totalmente da posse da bola. Assim, ele foi mais útil nos desarmes. Com cinco roubadas de bola, aparecendo atrás somente de Bruno Cortez (7) e Vanderson (6). Por fim, contra o Fluminense, voltou a liderar neste quesito, com quatro roubadas de bola — mesmo número de seu companheiro de função Victor Bobsin.
Outro ponto que chama a atenção é a estatura. Usando de seus 1,82cm, o garoto venceu os três duelos aéreos que disputou contra o time carioca.
A questão é saber se, de fato, ele poderá ter continuidade na equipe gremista. A diretoria, por exemplo, não esconde o desejo em contratar mais um jogador para o meio-campo e o experiente Paulinho, ex-Corinthians e Seleção Brasileira, é o sonho de consumo de Felipão. Já Thiago Santos e Matheus Henrique só devem ficar à disposição novamente a partir de agosto. Ou seja, até lá, Fernando Henrique terá de provar sua utilidade ao comandante.
— Acho que o Felipão ainda vai esperar um pouco, mas ele é candidatíssimo a virar titular, inclusive como primeiro homem de meio-campo. Não estou entre os que pensam que por ele ter alguma elegância, não pode fazer esta função. A comparação que faço é, guardadas as proporções, é com o Casemiro. Ele não é o jogador do passe curto e do giro, ele é o cara do posicionamento, que consegue dar um passe mais longe, entre linhas. Mas ele tem força de marcação e sabe jogar e quebra um pouco a ideia de que o primeiro homem tem que ser só marcador. Ele bate, inclusive, no bom sentido. Então, ele pode ser primeiro volante e o Grêmio trabalhar a ideia de ter alguém de maior mobilidade ao seu lado — conclui Diogo Olivier, comentarista da Rádio Gaúcha e colunista de GZH.