Na sua primeira entrevista depois de sair do Grêmio, Renato Portaluppi explicou quando e como tomou a decisão de deixar o clube. Em entrevista ao programa Bem, Amigos, do SporTV, nesta segunda-feira (10), o técnico — sem citar o nome — disse que as declarações do vice-presidente Claudio Oderich após a eliminação gremista na fase preliminar da Libertadores, considerando a demissão e convocando reunião entre os dirigentes, foram determinantes. Renato estava no hotel onde morava em Porto Alegre recuperando-se da covid-19 e não treinou o time na derrota para o Independiente del Valle.
— No dia seguinte, cedo, tocou o telefone e era minha esposa. Disse para eu arrumar as malas e ir embora, porque todo ciclo tem início, meio e fim. Aí me deu um estalo. Porque, realmente, estando lá há quatro anos e sete meses, eu não ia ficar escutando coisa de uma pessoa que não faz nada pelo clube, não entende nada e fala um monte de besteira — declarou Renato.
— Minha ficha caiu. Pelas 13h, o presidente Romildo me ligou. Eu disse que, independentemente da reunião que eles estavam fazendo, eu já estava de mala pronta indo embora, de passagem marcada. Na vida, as pessoas têm de ter respeito pelas outras, principalmente ídolos — continuou o técnico.
Renato não mencionou o nome do dirigente. O comentarista Mauricio Saraiva, participante do programa comandado por Galvão Bueno, contextualizou o episódio e perguntou ao treinador se era realmente a Oderich que ele se referia.
— Não vou dar moral para gente que não ajuda, bem pelo contrário, atrapalha. (Alguém que) Tem vontade de ser presidente do Grêmio, mas não vai ser nunca. Essa é a verdade — disparou, complementando depois: — Escutar algo de quem faz pelo clube, você engole. Se eu contasse minhas histórias dessa pessoa, não sei como iria viver em Porto Alegre. Então eu fico calado.
Despedida emotiva
De volta ao Rio de Janeiro, Renato diz ter saudades do Grêmio, da torcida e do grupo de jogadores. Ele lembrou dos momentos emocionados na sua despedida. O treinador contou que ele e Romildo Bolzan foram às lágrimas no quarto de hotel onde morava. Os atletas gremistas também foram abraçá-lo após a recuperação da covid.
— Aquilo mexeu muito comigo. Mandei eles embora dali e fiquei mais umas três horas chorando. Matheusinho, Diego, todos diziam que iam fazer churrasco de despedida. Pensei e não quis que fizessem porque meu coração não ia aguentar.