Grêmio, Arena e OAS deram mais um passo em direção à compra antecipada da gestão do estádio por parte do clube, nesta sexta-feira (9). As partes encaminharam um acerto na Justiça para recomeçar as obras do entorno do complexo esportivo, com o clube financiando as reformas. O acordo vale como uma garantia ao Ministério Público do RS, mas ainda não resolve toda situação entre as empresas e o clube. Para isso, é necessário selar o acordo que entrega legalmente a Arena ao Grêmio e o Olímpico à OAS até o dia 7 de outubro.
A proposta é que o Tricolor parcele um pagamento de R$ 42 milhões à Arena e OAS em 60 meses, financiando a duplicação de avenidas e recuperação de sistemas de drenagem no bairro Humaitá. A vantagem para o Grêmio é que este valor já seria inicialmente repassado para a compra da operação da Arena nos próximos anos, e agora está sendo oferecido como verba para que a OAS efetue as obras do entorno.
O processo da chamada "troca de chaves" envolve avaliação dos valores dos imóveis envolvidos, impostos acumulados desde 2014 e outros detalhes, segundo o vice-presidente jurídico da gestão gremista, Nestor Hein.
— O passo que demos com o acordo representa um destravamento da situação com o MP. É 20%, ainda precisamos caminhar os outros 80 para recebermos a Arena — ilustra Hein.
Caso o acerto de repasses para as obras — que estão paradas há sete anos — não seja efetivado nos termos acordados nesta terça, o MP-RS voltará a cobrar uma solução da OAS. As melhorias na zona norte de Porto Alegre são de responsabilidade da empreiteira que construiu a Arena e enfrenta recuperação judicial.
— Teremos de fazer esse esforço para que tudo que foi feito até agora possa ser viabilizado. Se esses temas não forem finalizados até outubro, cai por terra tudo que está sendo anunciado — alerta o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, em contato com a reportagem, nesta sexta:
— Estamos com tratativas adiantadas. Não iremos partir do zero. É um processo de negociação que vem de tempo, o que vai facilitar.
A OAS comemorou o acordo por meio de nota
"A OAS Investimentos e a Arena Porto-Alegrense estão satisfeitas em participarem da formalização deste acordo, que resultará em importantes melhorias de infraestrutura para Porto Alegre, especialmente para o bairro Humaitá.
Obras de relevância serão realizadas em futuro próximo e alguns serviços terão início imediato, gerando benefícios que serão percebidos diretamente pela comunidade", diz o Diretor-Presidente da Arena POA, Mauro Araújo."
A colaboração gremista com o poder público
GZH teve acesso ao acordo redigido nesta sexta-feira. Nele, consta que o Grêmio começará a pagar o valor total à OAS para execução das obras no Humaitá, de R$ 42.442.457,44, com parcelas mensais de R$ 442.108,84 por quatro anos, a partir da confirmação do acordo e troca das chaves de Arena e Estádio Olímpico. Depois, 10 parcelas de R$ 1.829.055,48 e uma última de R$ 1.101.622,79. O valor total devido e das parcelas será reajustado a cada ano, em janeiro, de acordo com o IPCA vigente.
Ainda segundo o documento, o pagamento mensal de tais valores deve vir diretamente da arrecadação do quadro social tricolor e das lojas Grêmio Mania, que são de propriedade do clube, podendo ser complementados quando necessário. Em caso de atraso, há a previsão de multa sobre o valor total devido.
A reunião que produziu tal acordo ocorreu na manhã desta sexta. Foi o desfecho de uma série de quatro encontros que ocorrem desde dezembro de 2020 entre as partes envolvidas, coordenados pela pela juíza Nadja Mara Zanella. Participaram dela representantes da OAS, do Ministério Público Estadual, da construtora Albizia, da Procuradoria Geral do Município (PGM), da Arena Porto Alegrense, da construtora Karagounis, e do Grêmio.