O Grêmio terá uma semana para sentar no divã e fazer uma análise sobre o que aconteceu na noite de quarta-feira (9) na Arena. Embora tenha sido muito comemorado diante do cenário que se desenhava, o empate arrancado nos acréscimos não estava nos planos antes da bola rolar.
Para o confronto de volta, na Vila Belmiro, que definirá o semifinalista da Libertadores, o Tricolor deve poder contar com o retorno de Jean Pyerre, que se recupera de um edema muscular na coxa. Porém, o próprio técnico Renato Portaluppi sabe que a atuação abaixo do esperado vai além da simples ausência do jovem meia de 22 anos.
— O Jean Pyerre é um grande jogador, de nível de Seleção, mas e os outros jogos em que ele não jogou? No último jogo (contra o Vasco), o Pinares foi o melhor em campo. O Grêmio não depende de ninguém. Temos um grupo e todos jogadores que entram tentam ajudar. Lógico que ele (Jean Pyerre) faz falta, mas não é por isso que o Grêmio não teve aquela atuação maravilhosa — sentenciou o comandante gremista.
De fato, na goleada de 4 a 0 sobre o time carioca, no fim de semana passado, o chileno César Pinares foi uma das principais figuras do time. De acordo com o site de estatísticas SofaScore, nos 60 minutos que esteve em campo, ele foi responsável por 31 passes certos, além de anotar o terceiro gol da partida. Nesta quarta, mesmo tendo atuado 18 minutos a mais, o reforço trazido da Universidad Católica acertou somente 20 passes. Então, o que fez o meia não ter o mesmo protagonismo?
— É uma situação coletiva. O Santos congelou o setor de criação do Grêmio. Graças ao encaixe de marcação feito pelo Cuca, o Grêmio não conseguiu impor o seu estilo de jogo. O empate foi um resultado mentiroso. O Santos não foi tão superior em termos de chances criadas, mas controlou a partida, fazendo com que o Grêmio finalizasse pouco e sem qualidade — avalia Leonardo Miranda, colunista do GloboEsporte.com.
Esta leitura ganha ainda mais força quando se comparam os números apresentados por Maicon. Dias antes, contra os vascaínos, o volante distribuiu 78 passes em 59 minutos. Diante da equipe paulista, foram 41 passes em 66 minutos dentro de campo.
— Quando o time do Renato é pressionado, não consegue encontrar uma alternativa. Um exemplo disso foi o jogo contra o River Plate, em 2018. O Santos fez a mesma coisa agora. Se o adversário fica muito atrás, o Grêmio consegue furar a retranca, porque Maicon, Matheus Henrique e Darlan têm um bom passe e rodam a bola. Mas, se os jogadores criativos são pressionados, o Grêmio não consegue sair disso — complementa Miranda.
Adversário desfalcado
Mas, se do lado gremista a projeção é ter Jean Pyerre à disposição para a Vila Belmiro, os santistas terão novas baixas. Além de não poder contar com o retorno do venezuelano Soteldo, que foi diagnosticado com covid-19, a equipe paulista ainda perdeu o volante Pituca, expulso no final do confronto em Porto Alegre.
— Preocupa muito, porque são grandes jogadores. O Pituca vive um grande momento. A expulsão eu não questiono, mas questiono o primeiro cartão. Era um lance que podia ter passado despercebido, um detalhe que faz a diferença no jogo — avaliou Cuca após a partida.
Por essas condições, Renato não pode esperar por um jogo mais aberto no dia 16 de dezembro. Com a vantagem de poder empatar por 0 a 0, o Santos seguirá negando espaços ao Tricolor e especulando um contragolpe que poderá ser fatal.
— Com esses jogadores rápidos pelos lados do campo, mais o Kaio Jorge que é um centroavante de movimentação, o Santos tem no contra-ataque o seu ponto forte. Quem bate de frente com os laterais do Grêmio são os laterais do Santos. O Marinho nem volta para marcar. Fica acima da linha da bola, para puxar contra-ataques. Acho que esta estratégia foi muito feliz — conclui Leonardo Miranda.