Se o ataque garantiu a vitória do diante do Guaraní-PAR nesta quinta-feira (26), um outro personagem assegurou que o Grêmio voltasse do Paraguai com uma vantagem elástica nas oitavas de final da Libertadores: o goleiro Vanderlei.
Quando o placar ainda estava 0 a 0, ele executou uma defesa à queima-roupa, impedindo que o zagueiro e capitão paraguaio, Cristian Báez, balançasse as redes tricolores. Foi a segunda intervenção seguida do camisa 27, que já havia sido elogiado por impedir o gol de Fagner, do Corinthians, pelo Brasileirão, no último fim de semana.
— Tento fazer o meu melhor, e depois vão avaliar nosso trabalho. Temos que nos preparar no dia a dia e estar em constante evolução para dar orgulho ao nosso torcedor — comentou o próprio Vanderlei antes do jogo em Assunção.
O crescimento do goleiro coincide com a "decolagem" do Grêmio como um todo. Dos 13 jogos de invencibilidade enfileirados pela equipe gaúcha, ele esteve presente em 11, sem ter sofrido gols nas últimas três exibições.
— Claro que o bom momento da equipe ajuda, mas você tem que estar preparado. O goleiro é uma parte muito importante do time e, estando bem treinado, é uma grande ajuda dentro do contexto também — avalia o ex-goleiro Emerson, revelado no Grêmio no início dos anos 1990.
Integrante do elenco gremista que conquistou a Copa do Brasil de 1994, Emerson teve destaque no título do Juventude em 1999. Depois, rodou o Brasil, defendendo clubes como Flamengo, Bahia e Vitória.
— Já tive momentos parecidos, em que parecia viver uma má fase e você faz dois ou três jogos maravilhosos e passa a ser o destaque do time. Então, acho que o que está acontecendo com ele é normal. São circunstâncias da partida, em que você ganha moral, ganha confiança e no outro jogo vai bem de novo. Se são defesas importantes, que ajudam a segurar o placar ou uma vitória, aí ganha um destaque maior ainda. Sempre gostei do Vanderlei, desde os tempos de Coritiba e Santos. Nenhum atleta consegue se manter no mesmo nível em todos os jogos. Então, por ele ser um bom goleiro, era questão de tempo para voltar a jogar bem — completa ele.
Mas, ao contrário de Emerson, Vanderlei foi trazido de fora de Porto Alegre. Quando foi contratado, no início deste ano, estava prestes a completar 36 anos de idade. E, mesmo tendo falhado na sua estreia, contra o Caxias, pelo Gauchão, foi bancado pelo técnico Renato Portaluppi. Dos 50 jogos do Grêmio em 2020, só ficou de fora de oito e por preservação.
Substituto atento
Em 1990, o time multi-campeão do Grêmio começava por Danrlei. O reserva dele, Murilo, teve participações importantes nas campanhas, inclusive na final da Recopa Sul-Americana de 1996. Ele acredita que tanto naquela época, quanto no Tricolor que tem Vanderlei como goleiro titular, a organização dos outros setores da equipe dão mais confiança ao guarda-redes. Na opinião de Murilo, o goleiro do bom time aparece no máximo duas ou três vezes na partida.
— Tem que aparecer apenas nas horas essenciais. Se aparecer muito é porque a equipe não está acertada — avalia.
Ao mesmo tempo, em jogos onde os companheiros de linha asseguram o controle da bola na maioria do tempo, é necessário manter-se concentrado. As defesas pontuais de Vanderlei contra o Guaraní-PAR indicam que o goleiro está com a atenção em dia.
— Participando menos, tem que estar com a concentração mais ligada. O Mazaropi, por exemplo, não parava, ficava se mexendo o tempo todo. Quando a bola vier no gol, o time vai precisar de ti. Essa bola pode mudar o jogo — ressalta Murilo.