
Desde os tempos de atleta, Renato Portaluppi chamava a atenção por declarações polêmicas em entrevistas. Quando virou treinador, logicamente, não perdeu o costume. Seja para explicar um tropeço, comemorar títulos ou cutucar adversários, o ídolo do Grêmio costuma usar frases que ganham repercussão.
No dia em que ele completa quatro anos à frente do vestiário tricolor, GZH selecionou algumas das manifestações nesta sua terceira passagem pelo clube e que, inevitavelmente, se tornaram manchetes.
"Futebol é como andar de bicicleta"
Apenas alguns meses depois de chegar à Arena, Renato levou o Grêmio ao título da Copa do Brasil. Foi a oportunidade perfeita para devolver as críticas feitas de que ele não era um técnico atualizado com os conceitos trabalhados na Europa.
— Quem precisa aprender tem que estudar, ir para a Europa. Quem não precisa, pode tirar as férias na praia. Agora eu pergunto às pessoas que criticaram, que falaram que estavam trazendo um treinador que jogava futevôlei na praia: 'E aí?' Quem sabe, sabe. Quem não sabe, vai estudar. Futebol é como andar de bicicleta: nunca desaprende.
"Nana, neném"
Em 2017, no ano da conquista da terceira Libertadores gremista, ainda na fase de grupos, o Grêmio abriu 3 a 0 contra o Deportes Iquique, na Arena. No segundo tempo, porém, quase viu o time chileno empatar. A partida acabou 3 a 2 para o Tricolor. Na coletiva, para explicar o resultado, Renato falou que o seu time havia "tirado um soninho".
— O problema foi o "nana neném" do segundo tempo. O problema foi o sono que deu no nosso time. Tenho que falar com meu grupo. Espero que eles durmam hoje bastante para conversar com eles acordados —disse à época.
"É mais fácil o mar secar"
Em 2018, depois de usar o time de transição nas primeiras rodadas do Gauchão, o Grêmio figurava na zona de rebaixamento. Questionado se temia uma queda para a segunda divisão estadual, o comandante gremista disparou:
— É mais fácil o mar secar. Risco tem até quando se joga na loto. O Grêmio classificará. Infelizmente, este é o preço que se paga por ganhar a Libertadores e disputar o Mundial — sentenciou o treinador que, de fato, comemoraria o título ao final do torneio.
Stevie Wonder no VAR
A eliminação para o River Plate, nas semifinais da Libertadores de 2018, foi muito dolorida para o torcedor gremista. Com um pênalti cometido por Bressan, o time acabou derrotado de virada dentro de casa e deu adeus ao sonho do tetra da América. Porém, a irritação do treinador foi com o fato de o VAR não ter assinalado mão no primeiro gol argentino.
— O Grêmio foi roubado. O Grêmio foi desclassificado pelo cara do VAR. Será que era o Stevie Wonder que estava lá na cabine? — esbravejou o técnico, fazendo referência ao músico americano que é deficiente visual.
"Tem dia que é noite"
A frase foi até mesmo repetida no Chile, após a derrota para a Universidad Católica, na última quarta-feira (16). Mas ela foi proferida pela primeira vez após quando o Grêmio foi vencido pelo Libertad, em plena Arena, na Libertadores do ano passado.
— Tem dia que é noite. Infelizmente, hoje não tivemos uma grande atuação. Não conseguimos furar o bloqueio do adversário. Tivemos bons e maus momentos durante a partida — falou o técnico.
"Deu mole"
Era para ser uma atuação de encher os olhos na Arena. Em menos de 20 minutos, a equipe fez 3 a 0 contra o Fluminense, na Arena, na terceira rodada do Brasileirão de 2019. Entretanto, o time levou a virada e perdeu por 5 a 4 para os cariocas. Ao longo da sua entrevista, o técnico repetiu a expressão "dar mole" por mais de 30 vezes para explicar o resultado.
— Às vezes, um, dois ou três jogadores podem achar que não precisam mais fazer o que foi determinado porque está 3 a 0, mas sobrecarrega todo mundo. Hoje foi inadmissível pelo resultado que construímos. Demos mole demais — afirmou o treinador, após a derrota.
Bronca com Jorge Jesus
A chegada do técnico português Jorge Jesus mudou os rumos do Flamengo na temporada de 2019. A equipe passou a enfileirar vitórias e liderar o Brasileirão. Antes da equipe carioca cruzar o caminho do Grêmio na Libertadores, porém, Renato comentou o trabalho realizado no Rio de Janeiro:
— Concordo que o Flamengo está jogando o melhor futebol do Brasil junto com o Grêmio, mas o Jorge Jesus ganhou só dois ou três títulos portugueses. E saiu de Portugal, foi para a Arábia. Ele nunca treinou fora de Portugal um grande clube na Europa. Nunca conquistou nada e está com 65 anos.
"Até uma mulher grávida faria gol no Grêmio"
Com o clima acirrado entre os dois treinadores, Grêmio e Flamengo se encontraram na semifinal da Libertadores de 2019. O resultado não poderia ter sido pior para o Tricolor. A equipe acabaria goleada por 5 a 0 no Maracanã, despedindo-se de maneira vexatória do torneio continental.
— Tomamos os gols em cinco falhas nossas. Jogamos muito abaixo do que podemos. Se bobear, até uma mulher grávida faria gol no Grêmio. Todas as chances nós demos para o Flamengo e eles souberam aproveitar. No momento em que se enfrenta um time assim, o jogador não perdoa, e foi isso que os atletas do Flamengo fizeram com a gente.
"Cavalo paraguaio"
Em 2020, a língua afiada de Renato voltou a funcionar quando o time se preparava para disputar o título gaúcho com o Caxias. Porém, a equipe vinha mal no Brasileirão, beirando a zona de rebaixamento, enquanto o rival Inter liderava a tabela. Perguntado sobre a distância na pontuação, ele soltou:
— O Grêmio vai muito bem, obrigado, no Brasileiro. Estou cheio de ver cavalos paraguaios por aí, todo ano a mesma coisa. Quero ver a reta final, na chegada. Agora não estou preocupado — declarou — De cavalo paraguaio, estou cheio. Daqui a 10 rodadas vamos ver quem é quem. O meu grupo vai brigar pelo título, pode escrever. Disso não tenho dúvidas. Querem criticar com quatro ou cinco rodadas, é o direito de vocês. Pela 15ª, 16ª rodada, voltamos a conversar.
"Crise de excesso de títulos"
Também neste ano, uma outra frase de Renato ganhou destaque nacional. Após o empate por 1 a 1 com o Atlético-GO, em Goiânia, o treinador foi questionado sobre a sequência sem vitórias na competição nacional e rebateu, alegando que a imprensa tentava criar uma crise no vestiário gremista:
— Toda equipe, no mundo todo, tem aquela "fasezinha" onde fica quatro ou cinco jogos sem vencer. Mas eu estou tranquilo. Semana passada ganhamos mais um título. Muita gente já está falando algumas besteiras, mas no Grêmio não existe crise. Aliás, existe, sim. Crise de excesso de títulos.