Apesar de já ter seu nome especulado outras vezes e ser um desejo antigo do técnico Renato Portaluppi, o anúncio de Robinho no Grêmio pegou muita gente de surpresa nesta terça-feira (11). Aos 32 anos, o meia ficou livre no mercado depois de rescindir seu contrato com o Cruzeiro — clube pelo qual marcou época, conquistando duas Copas do Brasil. Antes, já havia levantado a taça pelo Palmeiras. Portanto, trata-se de mais um jogador de currículo que desembarca na Arena.
O que pouca gente sabe é que Robson Signorini já passou por Porto Alegre no início de sua carreira. Porém, do lado vermelho: vindo de Marialva, no interior do Paraná, o atleta defendeu as categorias de base do Inter.
— Eu passei lá, né? Jogar que é bom, nada. Eu treinei lá um pouquinho. Mas eu era muito baixo, eles falaram que eu era muito pequeno. Quem sabe agora eu cresço — brincou ele durante uma entrevista coletiva em 2016, já na Toca da Raposa.
O surgimento de Robinho se deu em 2008, aos 20 anos, quando foi artilheiro da segunda divisão paulista pelo Mogi Mirim. As atuações do meia ofensivo encantaram o empresário Delcyr Sonda, que investiu em sua contratação e o colocou no Santos. Embora tenha feito parte do elenco campeão da Libertadores de 2011, sua estadia por lá não foi tão proveitosa, sendo repassado ao Avaí logo em seguida. Na Vila Belmiro, inclusive, viveu uma situação inusitada: teve de abrir mão do apelido por conta do xará, ex-atacante da Seleção Brasileira.
— Meu nome é Robson e sempre foi Robinho, antes dele. Há muito tempo. No Santos eu mudei, pois o presidente Marcelo Teixeira pediu para mudar, porque o Robinho tinha uma história lá — falou ele em sua chegada ao Coritiba, na metade de 2012.
Foi no Couto Pereira, aos 24 anos, que a carreira de Robinho começou a deslanchar, mostrando-se um jogador que podia atuar em mais de uma função.
— No Coxa, ele atuou tanto de volante para fazer a distribuição de jogadas com qualidade, quanto de meia. Se entendeu muito bem com o Alex e o atacante Rafinha. Foi uma passagem bem positiva, com 126 jogos oficiais e 18 gols marcados. Chamou a atenção do Palmeiras, que o contratou após a temporada de 2014 — avalia o repórter Daniel Piva, da Rádio Transamérica, de Curitiba.
Títulos
No Palmeiras, Robinho ganhou o noticiário do centro do país. Jogando centralizado, atrás do centroavante Lucas Barrios, e tendo os velozes Dudu e Gabriel Jesus pelos lados do campo, Robinho virou o meia central do 4-2-3-1 que conquistou a Copa do Brasil de 2015. Entretanto, a troca no comando técnico no ano seguinte, com a saída de Marcelo Oliveira e a chegada de Cuca, fizeram com que o atleta perdesse espaço entre os titulares. Assim, foi repassado ao Cruzeiro, em uma troca envolvendo Fabrício e Fabiano, dois ex-laterais colorados. Mal sabia ele, mas estava prestes a viver seu melhor momento na carreira, sendo bicampeão da Copa do Brasil.
— Robinho chegou em 2016, que foi um ano em que o Cruzeiro precisou fazer uma arrancada em meio ao campeonato. Em 2017, o Cruzeiro montou um time muito mais forte, com a chegada do Thiago Neves, e ele foi deslocado para o lado do campo, até para acomodar o Thiago. E foi o momento em que ele mais rendeu. O Mano Menezes tinha nele um jogador fundamental, de bom passe no meio. Ele foi bem decisivo, fez gol em final de Copa do Brasil. Em 2019, caiu de rendimento como todo mundo, teve problemas de lesão, mas estava longe de ser um dos caras mais perseguidos no rebaixamento — analisa o comentarista do SporTV, Henrique Fernandes.
No Grêmio, o meia encontrará um outro parceiro de Cruzeiro além de Thiago Neves, que pode dar a dica sobre como Renato pode usá-lo: Alisson. Como Robinho ocupava o corredor pelo lado direito, o atacante era o ponteiro-esquerdo, ao mesmo moldes do que Everton executava no Tricolor.
A grande questão é saber como ele chega fisicamente. Prestes a completar 33 anos de idade, o jogador vem de um longo período inativo. Depois de se recuperar de uma grave lesão no joelho esquerdo, ele disputou apenas uma partida neste ano, quando entrou no segundo tempo da derrota para o CRB, que causou a eliminação da equipe mineira na Copa do Brasil. Em Porto Alegre, tentará retomar o protagonismo que encontrou em São Paulo e Belo Horizonte.
— Ele dá versatilidade pelo meio, podendo jogar tanto aberto pelo lado direito como um meia armador, jogando na posição do Jean Pyerre. O time perde velocidade quando ele é escalado, mas ganha em passe. E ele pode ser um terceiro homem de meio-campo, se o time jogar com um losango no meio. Mas vem de uma lesão grave no joelho. Jogou só uma vez este ano e o pessoal não estava muito satisfeito com o rendimento dele. A situação se desgastou e ele acabou saindo do Cruzeiro com uma decisão judicial — completa Fernandes.