A década de 1990 ficou marcada como uma das mais vitoriosas da história do Grêmio, e o ano de 1995 teve a principal conquista daquele período: o bi da Libertadores. O título foi conquistado em 30 de agosto, com um empate em 1 a 1 diante do Atlético Nacional, na Colômbia, depois de uma vitória por 3 a 1, no Olímpico, na semana anterior. Esses dois jogos serão retransmitidos pela Rádio Gaúcha nesta quarta-feira (10), às 21h30min, e no domingo, às 16h.
As duas partidas estão na memória de todos os gremistas. O que pouca gente lembra é que, naquela temporada, o time comandado por Luiz Felipe Scolari disputou três títulos em menos de três meses. Na verdade, foram 70 dias entre a derrota para o Corinthians em Porto Alegre, na final da Copa do Brasil, e a redenção em Medellín, com a América novamente pintada de azul.
— O Grêmio estava em um grande momento e chegava até as finais de todas as competições. Naquele ano, perdeu uma e ganhou duas, foi um bom retrospecto — lembra Pedro Ernesto Denardin, que irá narrar as finais da Libertadores de 1995 na Rádio Gaúcha nesta semana.
A primeira competição da temporada foi a Copa do Brasil. O Grêmio era o atual campeão e lutava pelo tri no torneio. Iniciou vencendo os dois jogos contra a Desportiva Ferroviária. Depois, passou aos trancos e barrancos por Palmeiras, São Paulo e Flamengo até chegar à final diante do Corinthians. Os paulistas queriam dar o troco no Grêmio, que na temporada anterior os havia eliminado nas oitavas de final desta mesma Copa do Brasil. Com nomes como Marcelinho Carioca e Viola, o Timão venceu tanto no Pacaembu quanto no Olímpico e conquistou o título em 21 de junho.
— Lembro que, terminado o jogo, a torcida do Grêmio ficou de pé e aplaudiu o time. Foi uma das coisas mais emocionante que já vi — recorda Pedro Ernesto.
Aquela derrota em casa, precedida pela demonstração de apoio da torcida, mexeu com os jogadores. Vice-presidente de futebol do Grêmio em 1995, Cacalo recorda deste momento com carinho:
— Perdemos a Copa do Brasil dentro do Olímpico, foi doído. Mas no final do jogo a torcida cantava o hino no estádio. Aquele gesto passou segurança para a equipe, que conquistaria o Gauchão e a Libertadores naquele mesmo ano.
Como o Cacalo antecipou, o Grêmio seria o campeão Estadual daquela temporada. Depois de uma primeira fase irregular, a equipe passou para a segunda etapa. Ali, embalou. Liderou a chave e avançou às semifinais para enfrentar o Juventude. Perdeu em Caxias do Sul, mas reverteu a desvantagem em Porto Alegre. Enfrentaria, na segunda das três decisões, o Inter, que havia goleado o São Luiz por 5 a 1 e 4 a 0 nas semis. Nada que tenha abalado a confiança tricolor, que conquistou o Campeonato Gaúcho em cima do maior rival, em 13 de agosto.
Exatos 17 dias depois, viria o grande título. Depois de uma campanha sólida ao longo de todo torneio, com batalhas marcantes como a das quartas de finais, contra o Palmeiras, o Grêmio chegou à final da Libertadores para enfrentar o atual campeão colombiano, o Atlético Nacional. A vitória por 3 a 1, no Olímpico, deu uma vantagem significativa para a equipe. Na volta, o empate em 1 a 1 no dia 30 de agosto garantiu o troféu.
— A derrota às vezes impulsiona um time para a vitória. Acho que foi o que aconteceu com o Grêmio naquele ano. O time estava certo de que ganharia a Copa do Brasil. A derrota serviu como uma injeção de ânimo — destaca Juan Domingues, setorista do Grêmio em Zero Hora à época.
Assim, o time de Felipão disputou três finais em 70 dias. Perdeu a primeira, mas garantiu dois títulos nas disputas seguintes. Um deles, o principal de uma década lembrada com saudosismo por todos os gremistas — e que os colorados preferem esquecer.