"Parabéns ao nosso Maracanã, templo do futebol. Fui muito feliz ali dentro e posso contar muitas histórias ali dentro." A parabenização é mais do que especial. Afinal, ela é de um dos maiores ídolos – senão o maior – que passou por ali. No dia 16 de junho de 1950, o Rio de Janeiro conheceu o Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. Setenta anos depois da sua inauguração, o maior artilheiro de um dos maiores palcos do futebol mundial elegeu o seu gol mais importante naquele gramado. Autor de 333 gols no "Maraca", Arthur Antunes Coimbra, o Zico, disse que o seu gol inesquecível no palco mais sagrado do futebol brasileiro foi marcado contra o Grêmio, na final do Campeonato Brasileiro de 1982.
– O gol que eu acho mais importante e de suma importância para mim foi contra o Grêmio, na final de 1982. A gente estava perdendo por 1 a 0 e aos 43 minutos eu antecipei do Batista e bati cruzado no Leão, que era o goleiro. Se a gente perde para o Grêmio na época para eles jogarem em casa pelo empate, a gente sabia da força do time deles. Agora, tendo que ganhar, era outra história. O segundo jogo foi 0 a 0 e o terceiro jogo ganhamos de 1 a 0. Por isso eu considero aquele gol um dos mais importantes, pela circunstâncias das partidas no Olímpico – falou o ex-jogador.
De acordo com o eterno camisa 10, uma das partidas mais inesquecíveis foi a estreia. Mas não como profissional, mas juvenil. Na época, os garotos disputavam partidas preliminares antes dos jogos principais. Por isso, o jovem Zico precisou acostumar-se desde cedo com um público superior a cem mil pessoas.
– A estreia como juvenil (foi inesquecível). As categorias inferiores jogavam as preliminares. Isso acabou sendo bom. Uma geração que teve Cantarelli, Rondinelli, Geraldo, Júlio César, Adílio, Júnior, Tita... O time era bom e a torcida chegava mais cedo para nos assistir. A gente se acostumou com a pressão e foi mais protegido pelo torcedor quando subia. Não foi mole. No meu primeiro gol no juvenil, eram 140 mil pessoas no estádio, 1 a 0 para o Botafogo e eu fui bater. Fazer aquele gol foi uma experiência terrível. A perna balançava. Mas foi bom. Ser um garoto e ter uma experiência como essa te dá uma bagagem muito grande – recordou.
A primeira vez no estádio, porém, foi como torcedor. O pequeno Zico relembrou as primeiras vezes em que foi torcer pelo Flamengo ao lado do pai e irmãos no Rio de Janeiro:
– Eu acho que pelo meu pai ser um grande rubro-negro, apaixonado pelo futebol, ele acabou comprando duas cadeiras perpétuas no Maracanã. Fui pela primeira vez em 1961, em um Flamengo x Corinthians. Em 1962 também fui em uma final Flamengo x Botafogo com o Garrincha fazendo três gols. Ele era a alegria do povo. A minha grande memória é a final do Carioca de 1963, Flamengo x Fluminense, que é o maior público da história do estádio. O jogo foi 0 a 0 e o Flamengo foi campeão, mas a imagem nunca saiu dos meus olhos. Aquele estádio cheio. Éramos cinco irmãos. Dois ficaram na arquibancada e eu fiquei na tribuna com outros dois. Eu tenho este jogo inteiro na minha mente.