Um ano antes de Arthur se tornar a maior venda da história do Grêmio, em 2018, Pedro Rocha ocupava este posto. No dia 30 de agosto de 2017, a direção tricolor aceitava a oferta do Spartak Moscou, de 12 milhões de euros (cerca de R$ 65 milhões pela cotação da época), e liberava o atacante para viajar à Rússia.
Natural de Vila Velha, no Espírito Santos, Pedro Rocha foi trazido ainda para as categorias de base gremistas, em 2014. Na temporada seguinte, já era guindado aos profissionais pelas mãos de Felipão. Alcançou seu ápice, no entanto, pelas mãos de Renato Portaluppi, quando marcou dois gols no primeiro jogo da final da Copa do Brasil de 2016, contra o Atlético-MG, no Mineirão. Assim, abriu 2017 como um dos principais jogadores da equipe na disputa da Libertadores. Porém, não era ele o preferido para sair naquela janela de transferências.
O Grêmio recém tinha eliminado os argentinos do Godoy Cruz, pelas oitavas de final do torneio continental, quando o clube russo apresentou uma proposta de 20 milhões de euros (R$ 70 milhões) pelo meia Luan. Ele já vinha sendo cobiçado por outros europeus e, por isso, disse não. Convocado por Tite e um dos destaques da conquista do ouro olímpico de 2016, o camisa 7 se aconselhou com alguns companheiros de Seleção — entre eles, Neymar.
— Todo mundo sabe que o Luan tem futebol para jogar em muitos clubes grandes da Europa. Não sei quem falou que eu mandei mensagem dizendo isso para ele, porque eu não falei. Mas eu acho que ele tem muito futebol para jogar em clube superior — disse Gabriel Jesus, atacante do Manchester City, em entrevista coletiva.
Um mês se passou e o Grêmio chegou a aceitar uma segunda oferta dos russos, de 22 milhões de euros (R$ 81 milhões). Mas Luan, esperando sair para um clube de primeiro escalão na Europa, rejeitou novamente. Foi quando o Spartak resolveu mudar o seu alvo — além de trocar o emissário em Porto Alegre.
Saiu o empresário Gilmar Veloz, que fazia o meio-campo na negociação com Luan, e entrou Jorge Machado, que recentemente havia levado jogadores agenciados por ele à Rússia (o volante Fernando e o lateral Mário Fernandes). Mesmo com uma oferta inferior por Pedro Rocha, o martelo foi batido em menos de 24 horas.
— Estou de saída, sim, mas entendam que nesse momento era a oportunidade que que almejava em minha vida. As escolhas serão sempre difíceis, mas junto com minha família acredito ser a melhor no momento. Entendam, eu continuo amando e respeitando o Grêmio e todos os seus profissionais — publicou o jogador em seu Instagram.
Menos mal que a saída do atacante não deu prejuízos ao Grêmio. Financeiramente, claro que não. Tecnicamente, Fernandinho ocupou o lado esquerdo do ataque e até balançou as redes na final da Libertadores, contra o Lanús. Ainda por cima, abriu espaço para que Everton ganhasse mais oportunidades. Já para Pedro Rocha, as coisas não saíram como o planejado. Após menos de dois anos no Spartak, tendo disputado apenas 19 partidas, ele foi anunciado pelo Cruzeiro. Hoje, tenta retomar o protagonismo com a camisa do Flamengo.