Na madrugada do dia 7 de fevereiro de 2016, o Grêmio oficializava o acerto com Miller Bolaños. Destaque do Emelec, o atacante equatoriano teve 70% de seus direitos econômicos comprados por 5 milhões de dólares (cerca de R$ 20 milhões) e, aos 25 anos de idade, se tornava a contratação mais cara da história do clube gaúcho.
Monitorado pelo Tricolor desde a última temporada, Bolaños chegou a abrir conversas com o León, do México. Depois, foi a vez do Changchun Yatai, da China, apresentar uma oferta. A situação fez com que o então diretor-executivo Rui Costa declarasse que o clube se retirava do negócio.
— A informação que temos é que ele já está vendido para a China. É um jogador de muita qualidade, e jovem. Nesse momento, não há nenhuma possibilidade de ele vir — declarou o dirigente à época.
Em 2016, o Grêmio treinado por Roger Machado precisava se reforçar para a disputa da Libertadores. Àquela altura, apenas o atacante Henrique Almeida e o zagueiro Kadu haviam sido anunciados. Portanto, era preciso fazer um esforço financeiro maior. O Brasil estava paralisado em meio ao Carnaval, sem voos para Guayaquil.
Foi quando surgiu a ideia de pedir uma ajuda a Celso Rigo — velho parceiro de outras contratações, como a do meia Giuliano, contratado dois anos antes. Natural de São Borja, o empresário do ramo alimentício dispunha de um avião particular, que poderia levar Rui Costa, acompanhado do advogado Gabriel Vieira, até o Equador.
Ao todo, foram nove horas de viagem, com paradas para abastecer a aeronave. Chegando ao destino, os dirigentes foram direto à casa do presidente do Emelec, Nassib Neme, onde uma reunião se estendeu madruga adentro. Com o martelo batido, Bolaños pôde assinar o contrato de três anos com o Grêmio para, enfim, vestir a camisa tricolor.
O momento foi registrado com uma foto, que seria enviada para outros componentes da direção em Porto Alegre, entre eles o presidente Romildo Bolzan Júnior. Porém, a imagem viralizou nas redes sociais, causando enorme furor entre torcedores. Quatro dias depois, ele desembarcava no Brasil para ser apresentado na Arena.
— É o maior desafio de minha carreira. Todos os clubes se preparam para disputar uma Libertadores, e vamos dar tudo para conquistá-la. Estava trabalhando no Equador, agora estou à disposição da comissão, comecei a fazer os trabalhos físicos. Estou trabalhando da melhor maneira para estar logo em campo — declarou o próprio atleta que, fã de Michael Jordan, escolheu a camisa 23.
Dentro de campo, o equatoriano não conseguiu corresponder à toda expectativa criada. Marcou um gol no Atlético-MG, na final da Copa do Brasil, mas não conseguiu se firmar como titular incontestável da equipe ao longo do período em que atuou na Arena. É verdade, sua estadia foi atrapalhada por uma fratura na mandíbula logo em sua segunda partida, em um Gre-Nal, afastando-o dos gramados por mais de um mês. Por fim, deixou o clube em julho de 2017, vendido por 4 milhões de dólares (em torno de R$ 14 milhões), aos mexicanos do Tijuana.