A cada dia que passa os prejuízos se acumulam em todas as áreas da economia mundial. Acostumado a movimentar bilhões, o esporte é um dos mais afetados. Grandes eventos já foram adiados ou cancelados, como os Jogos Olímpicos de Tóquio, a Eurocopa e a Copa América, que passaram para 2021, ou o tradicional torneio de tênis de Wimbledon, que não será realizado pela primeira vez desde 1945.
No futebol brasileiro, boa parte das receitas dos clubes vem da venda de jogadores. Porém, com a paralisação do futebol, uma das principais consequências será a desvalorização dos atletas. Mas até que ponto a pandemia da covid-19 irá impactar no mercado?
Em recente publicação, o site alemão Transfermarkt (um dos mais respeitados sobre o tema de transferências) informou que a médio e longo prazo, as consequências ainda não são previsíveis. Porém, de acordo com a plataforma especializada, os valores devem apresentar uma desvalorização geral de 20%, com exceção de jogadores nascidos depois de 1998, que devem sofrer uma perda de 10% de seu potencial econômico.
— O mercado entrou em colapso, muitos clubes podem estar ameaçados de insolvência e os planos de transferência foram suspensos devido às incertezas. É inconcebível que os preços continuem a subir no futuro como nos últimos anos — explica o fundador do Transfermarkt, Matthias Seidel.
O top 3 mundial dá uma ideia da redução. Mbappé, líder do ranking, viu sua cotação cair de 200 milhões para 180 milhões de euros. Sterling e Neymar caíram de 160 milhões para 132 milhões.
Joias do Grêmio
Apontado como jogador mais valioso do Brasil, Everton já sofreu queda de avaliação. No início ano, a cotação era de 35 milhões de euros. Agora, baixou para 28 milhões de euros.
No total, o elenco gremista caiu de 121,5 milhões para 98,3 milhões de euros — "prejuízo" em 23,2 milhões (mais de R$ 120 milhões). No caso de Everton outro fator apontado é a idade. Com 24 anos, o atacante não se enquadra no novo perfil de busca, que prioriza os menores de 21 anos.
— Para os jovens de primeira linha, os preços relativamente altos devem continuar. Por isso decidimos diferenciar os jogadores nascidos a partir de 1998 dos outros. Já uma definição aplicável de quem são os melhores jogadores é, no geral, mais difícil, especialmente no que diz respeito ao seu status no mercado de transferências. Para alguns deles, certamente haverá um mercado maior — conta Matthias Seidel.
A questão da idade de Everton também é considerada pela direção gremista. Tanto que o presidente Romildo Bolzan Junior admitiu que a multa de 80 milhões de euros, prevista em contrato, não será o valor de uma transferência.
— Estamos prontos para avaliar valores mais baixos do que os da cláusula, estou ciente de que o coronavírus mudará o mercado — comentou o dirigente.
Outras duas joias da base, o atacante Pepê e o volante Matheus Henrique, que tem em seus currículos o torneio Pré-Olímpico pela Seleção Brasileira, também já não se encaixam no novo patamar de interesse apontado pelo Transfermarkt.
Nascido em fevereiro de 1997, o atacante teve seu valor alterado de 8,5 para 6,8 milhões de euros, enquanto o volante, que é de dezembro do mesmo ano, perdeu 4,5 milhões de euros em sua cotação, que agora é de 17,5 milhões de euros.
E até mesmo atletas nascidos em 1998 sofreram queda, em torno de 10%. São os casos dos meias Jean Pyerre e Patrick, que valem 9 milhões e 1,3 milhão de euros, respectivamente.
Para 2020, o Grêmio projetou arrecadar R$ 88 milhões com a saída de atletas. Até o momento, já entraram nos cofres R$ 42,5 milhões com as negociações de Luan, Thonny Anderson e Guilherme. Faltariam mais R$ 45,5 milhões (em torno de 7 milhões de euros — próximo à cotação de Pepê, por exemplo, segundo o site alemão).