Recém-chegado da seleção olímpica, Caio Henrique tem a difícil missão de desbancar um dos homens da confiança de Renato Portaluppi para ser titular. Embora por vezes contestado, Bruno Cortez é o dono da lateral esquerda do Grêmio há quatro temporadas.
Agora, o experiente jogador de 32 anos tem a concorrência de um jovem de 22: desde que o ex-Fluminense está à disposição, foi utilizado pelo treinador no decorrer de duas partidas — na vitória por 1 a 0 no Gre-Nal da semifinal do primeiro turno do Gauchão e na derrota para o Caxias na decisão, aos 36 e aos 37 minutos do segundo tempo, respectivamente.
Quando perguntado sobre a substituição de um lateral-esquerdo por outro quando perdeu o título na Serra, Renato resumiu as características da dupla:
— O Cortez marca melhor. O Caio Henrique é um jogador muito ofensivo, que cria bastante.
As valências dos dois oferecem ao técnico alternativas distintas para a composição do flanco esquerdo. Alguns números do Brasileirão do ano passado exemplificam este cenário. A título de comparação, enquanto Caio Henrique precisou de dois jogos para acertar um lançamento, Cortez demorou cinco partidas para encontrar um companheiro com um passe em profundidade.
— O Cortez chegou desacreditado e tomou conta da posição. Ele é muito importante para o esquema do Grêmio e, mesmo que não apareça tanto na frente, é fundamental para a transição do time. Já o Caio é um jogador jovem, de mais habilidade. Até considero que ele seja mais ala do que lateral. Com o Diego Souza mais fixo e os laterais tendo que passar mais para chegar na linha de fundo, o Caio consegue um encaixe melhor nessa proposta — avaliou Gilberto, ex-lateral-esquerdo do Grêmio.
Se, por um lado, Cortez é o operário, quem brilha na esquerda é Everton. A movimentação do atacante, que também serviu à seleção olímpica no início do ano, tende a mudar com o ingresso de Caio Henrique. Segundo Leonardo Miranda, repórter e analista tático do portal globoesporte.com, o novo lateral-esquerdo oferecerá uma dinâmica diferente nos momentos em que os gremistas avançarem em direção ao gol adversário.
— O Everton ganha mais com o Cortez, mas o time do Grêmio ganha mais com o Caio Henrique. Isso porque Everton e Cortez têm conexão e entrosamento natural. O atacante fica em uma faixa do campo mais confortável para ele, da ponta esquerda até o gol. Com o Caio, o time ganha mais qualidade. Mas o ataque vai ter que ser mais móvel. O Caio vai obrigar o time a girar — projetou.
Já que ofensivamente o cenário se desenha para um time mais fluido, defensivamente será necessária a cobertura para a região do campo que ficará desguarnecida com a subida de Caio ao ataque. O esquema com três volantes utilizado por Renato Portaluppi nos últimos confrontos, então, tende a funcionar melhor com o ingresso do jovem.
— Como o Caio Henrique dá essa qualidade no passe e faz a construção da jogada ficar mais inteligente, os volantes terão mais liberdade para chegar até a área. Porém, alguém precisa ficar para proteger. Com o Cortez, isso não é necessário, pois ele fica mais, e a armação é por conta dos volantes. O fato é que o Grêmio precisa criar, seja por movimentação ou por criatividade, e o Caio Henrique proporciona as duas coisas. Depois do Filipe Luis, foi o melhor da posição no Brasileirão do ano passado — analisou Leonardo.
NÚMEROS
GaúchaZH selecionou cinco aspectos para comparar os desempenhos da dupla de laterais na defesa e no ataque. Os números são do Brasileirão do ano passado, competição mais longa que cada um dos atletas disputou pelos seus clubes — Caio Henrique no Fluminense e Bruno Cortez no Grêmio. Os dados correspondem à média dos fundamentos que foram acertados a cada jogo, já que o jovem entrou em campo 35 vezes e o veterano, 21.
Defesa
- Desarmes
Caio Henrique: 2,2
Bruno Cortez: 1,6 - Interceptações
Caio Henrique: 0,2
Bruno Cortez: 0,2
Passes
- Caio Henrique: 55
- Bruno Cortez: 39
Ataque
- Lançamentos
Caio Henrique: 0,5
Bruno Cortez: 0,2 - Cruzamentos
Caio Henrique: 1,1
Bruno Cortez: 0,7