Quando o Grêmio retomou os trabalhos para a temporada 2020, Lucas Silva já estava presente. Neste fim de semana, o volante foi finalmente apresentado de maneira oficial, recebendo das mãos do diretor-executivo, Klauss Câmara, a camisa 16.
— O Grêmio o escolheu por todo o DNA vencedor que ele tem e pelas características que vão de encontro ao que buscamos. Por conhecê-lo desde as divisões de base, onde trabalhamos juntos, posso dizer que é um atleta de caráter, de índole e valores humanos que agregarão muito — disse o dirigente, relembrando o surgimento do atleta no Cruzeiro, ainda em 2012.
Isso não quer dizer que o Tricolor tenha cessado a busca por um outro volante. Antes mesmo de emprestar Michel ao Fortaleza, a diretoria vasculhava o mercado atrás de um jogador que, além de bom passe, tivesse porte físico. A saída de Rômulo, devolvido ao Flamengo — e que posteriormente até rescindiu seu contrato para rumar ao futebol chinês — abriu uma brecha no elenco para jogadores desta característica. Por isso, o clube sondou as situações de Bruno Henrique, no Palmeiras, e Carlos Sánchez, no Santos. Esbarrou nos alto valores e na complexidade dos negócios, mas segue observando o horizonte.
A suspensão da cirurgia no joelho de Maicon, porém, freou a necessidade de contratar um jogador de maneira imediata. Com o capitão à disposição, o técnico Renato Portaluppi poderá repetir a dupla de volantes que encerrou 2019 como titular. Basta aguardar o retorno de Matheus Henrique, que, até o dia 9 de fevereiro, servirá a seleção brasileira sub-23 no Torneio Pré-Olímpico, na Colômbia. Ou seja, Lucas Silva terá alguns jogos do primeiro turno do Gauchão para mostrar serviço à comissão técnica.
— Logo que tive a rescisão com o Real Madrid, continuei treinando com um preparador físico, em Madri e no Brasil, para não perder parte física e muscular. Com a pré-temporada, estou apto a estrear o mais rápido possível — anunciou o reforço tricolor, ao ser apresentado.
De olho na base
O Grêmio também não exclui a possibilidade de que o surgimento de alguém da base interrompa a busca por um eventual reforço. A expectativa é que isso possa acontecer nos jogos que serão disputados pela equipe de transição — Recopa Gaúcha, contra o Pelotas, e as três rodadas iniciais do Estadual.
— Com essa característica (de Michel e Rômulo), temos o Lucas Araújo e o Varela. O Victor Bobsin é um jogador mais parecido com o Matheus Frizzo, que subiu agora para o profissional, com qualidade e toque de bola. Mas eu acredito que o Grêmio está muito bem servido e, se vier outro volante para trazer mais qualidade, a base também está preparada para colocar mais jogadores no grupo principal — comenta Kevin Krieger, diretor de futebol do grupo de transição.
E essa garotada tem, na história recente, exemplos de sobra para se espelhar. O próprio Matheus Henrique, no início do ano passado, apenas assistia à dupla Maicon e Michel. Despontou a partir de abril, quando entrou no time que enfrentaria o Rosario Central, da Argentina, para nunca mais sair. Situação semelhante foi vivida por Arthur, que, antes de ser campeão da Libertadores e chegar ao Barcelona e à Seleção Brasileira, abriu a temporada de 2017 como uma mera opção no banco de reservas. Agora, a bola da vez é Darlan.
— O que eu aprendi muito no ano passado foi a ter paciência. Peguei experiência com o Maicon, que ajuda muito a gente que vem da base. Foi muito rápido que tive as oportunidades, jogando grandes jogos. Tenho certeza que, como começou esse ano, a cada dia temos que aprender mais — comenta o jovem, que subiu para o time principal na última temporada.
Ao revisitar o passado do clube, há um outro grande exemplo. Campeão brasileiro, sul-americano e mundial nos anos 1980, o ex-volante China recorda que teve de aguardar um bom tempo até herdar a vaga do experiente Victor Hugo e, enfim, se firmar como titular do meio-campo.
— Quando eu cheguei, o Grêmio já tinha três volantes. E isso em uma época que só jogava um. Eu tinha 20 anos e só fui ganhar a posição no ano seguinte — recorda China. — Gostei da contratação do Lucas Silva, mas as coisas não funcionam no "carteiraço". Se ele conseguir voltar a ser aquele jogador que foi antes de ir para o Real Madrid, aí ele toma conta da função. Mas o Matheus Henrique e o Darlan têm um fator forte em favor deles, que é a juventude. As cartas estão lançadas e, quem for mais rápido, vai chegar — analisa o ídolo tricolor.
Confira quem são os volantes do Grêmio para 2020:
Quem saiu: Rômulo e Michel
Quem chegou: Lucas Silva
Quem ficou: Maicon, Matheus Henrique, Darlan e Thaciano
Quem pode surgir: Matheus Frizzo, Lucas Araujo, Varela e Victor Bobsin