O torcedor do Grêmio estará frente a frente com Roger Machado mais uma vez nesta quarta-feira (16). Sob o comando do Bahia, o treinador volta à Arena — onde já esteve neste ano, como adversário pela Copa do Brasil.
Conhecido por promover um estilo de jogo vistoso, de toque de bola, Roger trabalhou em três clubes desde que deixou o Tricolor, em setembro de 2016. Com a média de um trabalho por ano, conquistou seus primeiros títulos como técnico, mas não conseguiu completar uma temporada à frente de nenhum deles.
2017: Atlético-MG
43 jogos — 23 vitórias, 9 empates e 11 derrotas (60,4% de aproveitamento)
Em seu primeiro trabalho depois de deixar o Rio Grande do Sul, Roger comandou o Atlético-MG por sete meses. Manteve a base do time que havia sido derrotado na final da Copa do Brasil pelo Grêmio. No primeiro semestre, conquistou o Campeonato Mineiro sobre o rival Cruzeiro. Na Libertadores, construiu a melhor campanha da fase de grupos, mas acabou eliminado nas oitavas de final pelo inexpressivo Jorge Wilstermann, da Bolívia. Acabou demitido depois de perder para o Bahia, em casa, pela 15ª rodada do Brasileirão, quando o time ocupava o 11º lugar na tabela de classificação.
— Chegou cercado de muita expectativa, mas a direção do Atlético-MG tinha uma avaliação muito equivocada quanto à formação do elenco. O time tinha uma média de idade muito alta, com jogadores como Robinho e Fred. Pelos nomes, a diretoria achou que tinha um elenco para ser campeão. Para mim, foi uma demissão muito errada. Vários jogadores se pronunciaram com relação a isso, que acreditavam no trabalho. Penso que foi um bom trabalho. Uma das poucas vezes que o Mano Menezes perdeu mata-mata no Cruzeiro foi para o Roger, em 2017 — avalia Léo Gomide, comentarista da Rádio 98.3 FM, de Belo Horizonte.
2018: Palmeiras
44 jogos — 27 vitórias, 9 empates e 8 derrotas (68,1% de aproveitamento)
Muitos dos atuais jogadores do Palmeiras estavam lá quando Roger chegou ao Allianz Parque no início de 2018 — Felipe Melo, Lucas Lima, Dudu. Diante do investimento pesado feito pela direção, foi cobrado para obter grandes conquistas. Mas começou a enfrentar turbulência depois de perder a final do Campeonato Paulista em casa, nos pênaltis, para o limitado Corinthians de Fábio Carille. Na Libertadores, voltou a ter a melhor campanha da fase de grupos, mas o time não deslanchava. Quando perdeu para o Fluminense, no Maracanã, pela 15ª rodada do Brasileirão, acabou demitido, deixando o time na sexta posição. Substituído por Felipão, viu a equipe se sagrar campeã nacional ao final da temporada.
— Ele tinha boas ideias, mas você não sabia qual Palmeiras ia ver. Às vezes, o time fazia ótimos jogos, como nos 2 a 0 contra Boca Juniors na Bombonera, pela fase de grupos da Libertadores. Outras vezes, era muito apático. Ele tentou impor esse estilo de posse de bola, mas às vezes era uma posse muito nula, que não agredia o adversário. E eu tenho a impressão de que os jogadores não compraram a ideia. Era muita teoria, mas na prática faltou alguma coisa. Penso que foi justa a demissão — comenta o repórter Vinícius Bueno, da Rádio Bandeirantes de São Paulo.
2019: Bahia
34 jogos — 15 vitórias, 10 empates e 9 derrotas (53,9% de aproveitamento)
Depois de iniciar a temporada livre no mercado, Roger assumiu o Bahia em abril, após a demissão de Enderson Moreira. Chegou já na fase final do Campeonato Baiano e conquistou a taça ao bater o Bahia de Feira de Santana na decisão.
Em Salvador, comanda seu time mais escasso desde que passou a viver a realidade de clubes de Série A, tendo como destaques os atacantes Artur, ex-Palmeiras, e Gilberto, ex-Inter, além do goleiro Douglas Friedrich, ex-Grêmio. Até mesmo por isso, abriu mão de sua filosofia de posse de bola. Contra adversários mais fortes, passou a adotar um tripé de volantes e jogar no contra-ataque.
— Ele pegou o time com o objetivo claro de ficar entre os 10 primeiros do Brasileirão e está brigando por uma vaga no G-6. Então, o Bahia está surpreendendo todo mundo. O contrato dele é até o final de 2020, com um projeto a longo prazo, com ele sendo cobrado para conquistar Campeonato Baiano e Copa do Nordeste no ano que vem. É um patamar menor do que ele estava sendo cobrado no Palmeiras e Atlético-MG, mas está no padrão do Bahia, que voltou para a Série A há três anos — analisa Pedro Sento Sé, comentarista da Rádio Sociedade, da Bahia.