A derrota para o Fluminense ligou o sinal amarelo no Grêmio e dobrou a atenção para a partida desta quarta-feira (8), contra a Universidad Católica, pela Libertadores. Mesmo qualificando seu grupo e mantendo a comissão técnica, o Tricolor está tendo problemas defensivos. Afinal, o que os números apontam sobre essa irregularidade gremista?
Futebol é momento. Por isso, é sempre importante pegar o contexto e fazer uma leitura sobre os últimos cinco jogos e comparar com a média do time na temporada. Assim, pode-se fazer uma leitura se o time está mantendo seu padrão, se está evoluindo ou até mesmo, decaindo, como parece ser o caso.
Dentro da organização defensiva do Grêmio, o time se defende em duas linhas de quatro jogadores desde a época de Enderson Moreira, em 2014. Há um problema importante aqui: a segunda linha não recompõe mais da forma correta. A reposição ocorre com pouca intensidade ou deixando buracos na intermediária defensiva. E Isso tem gerado uma sobrecarga da dupla de zagueiros, que, por diferentes motivos, não tem conseguido atuar sempre em alto nível. É necessário, então, que o Grêmio retome a boa organização defensiva para voltar a ser competitivo como foi ano passado.
Caindo a intensidade
Um índice de performance que utilizamos faz um tempo aqui no Esquemão é o PPDA (passes por ações defensivas, melhor explicado aqui), que mede a intensidade defensiva dos times sem a bola. Quanto menor o valor, mais intenso é o time. O Grêmio está com a média de 1.6 pontos de PPDA no ano.
Nos últimos cinco jogos, a média é de 1.46 pontos. Ou seja, na média, o time tem sido mais intenso nos últimos cinco jogos em relação a temporada. A diferença salta aos olhos no jogo contra o Fluminense, onde fez 2.32 pontos, caindo bastante a intensidade em relação a ele mesmo.
Aliás, o jogo de domingo (5) é realmente um ponto fora da curva: todos os índices defensivos gremistas foram bem abaixo da sua média. O famoso "mole" que Renato tanto citou na coletiva é confirmado pelos números. Se a média gremista de chances de gol dos adversários na temporada é de 2.8, contra os cariocas foram nove. Se os adversários finalizam em média nove vezes, o Fluminense finalizou 12.
Qualidade das chances adversárias
Outro índice de performance que utilizamos bastante aqui no Esquemão é o valor esperado de gol (Expected Goal – xG), que mede a qualidade das chances e finalizações dos times. O Grêmio cede uma média total de 0.9 xGA (expected goal contrário) por partida. Contra o Flu, foram 2.8 xGA. Era, pelo menos, para o Fluminense ter marcado três gols.
Interessante é fazer a média de xGA por finalizações, para entender onde os adversários tiveram chances de maior perigo contra o Grêmio. Nas últimas cinco partidas, a final do Gauchão contra o Inter foi onde o Tricolor mais sofreu: média de 0.57 xGA por finalização colorada. Isso significa que, na média, cada chute do Inter teve 57% de chance de ser gol.
Contra o Fluminense, essa média foi de 0.23 xGA por finalização (23% de chance de gol). Como a média gremista é de 0.1 xGA por finalização, pode-se dizer que contra o Flu o time de Renato cedeu chances com o dobro de perigo do que na sua média. Bem significativo.
No gráfico acima, vemos que contra Avaí, Libertad e Santos o Tricolor foi intenso e seguro. Contra o Inter, foi intenso, mas correu bastante perigo. E contra o Fluminense, a receita pro desastre: sem intensidade e correndo perigo. Não tinha como o resultado ser diferente.
Se o Grêmio quer voltar a decolar na temporada, jogar bem de forma regular e disputar títulos, precisa voltar a se organizar defensivamente com qualidade, estancar o processo de ceder chances aos adversários e diminuir o xGA das finalizações contrárias. Ou seja, que os adversários não tenham chances boas de marcar. Parece simples de diagnosticar, mas demanda muito trabalho e treino para corrigir. Não será do dia para a noite.
Os números usados são da InStat, plataforma de dados de futebol.