O empate sem gols com o Juventude, na quarta-feira (22), levantou uma questão em aberto no Grêmio: qual a melhor alternativa para a posição de centroavante? André, que vem sendo o titular na equipe de Renato Portaluppi, melhorou de rendimento em relação a ele próprio — mas os gols ainda não apareceram. Outro jogador da função no grupo, Felipe Vizeu foi contratado para ser a referência, teve algumas chances e não foi bem. Então, afinal: quem deve atuar na frente?
Ao todo, o Grêmio disputou 29 jogos em 2019, com 53 gols. Deste total, apenas sete (13,2%) foram marcados por centroavantes — contando Jael, que fez dois antes de ser negociado com o futebol japonês. André anotou três gols em 23 partidas, e Vizeu balançou as redes duas vezes em 18 jogos. Devido aos números inexpressivos, parte da torcida passou a questionar a titularidade de André. Ao fim da partida no Alfredo Jaconi, Renato precisou defender o jogador das críticas.
— Insisto com o André porque sou o treinador. Estou satisfeito com ele. Então, no momento, ele vai continuar jogando — garantiu o comandante gremista.
O ex-atacante Alexandre Xoxó, campeão da Libertadores pelo Grêmio em 1995, concorda com a escolha do técnico. Segundo ele, é preciso dar sequência para que o atual titular ganhe confiança e possa render ao máximo.
— Eu continuaria um pouco mais com André, porque ele é um baita atacante. É preciso dar continuidade para ele. Faz bem a parede, ajuda a equipe, só deve ter mais autoconfiança. O atleta precisa disso — explica.
Outro ponto que pode prejudicar os centroavantes é o modelo de jogo do Grêmio. No entendimento de Grafite, ex-atacante com passagem pelo Tricolor e hoje comentarista dos canais SporTV, a equipe não privilegia o homem de área.
— Já estive no Grêmio. Sei da cobrança que existe para que os centroavantes marquem gols. Mas acho que o último que conseguiu isso foi o Jonas. Os atacantes de área que passaram pelo clube nos últimos anos não conseguiram ir bem. Nem mesmo o Barrios e o Jael, que tinham altos e baixos — relembra Grafite, que complementa:
— Os laterais do Grêmio não vão à linha de fundo para cruzar. O time não joga com um camisa 10 clássico também, e isso privilegia quem vem do lado, como é o caso do Everton.
Prova disso é que, além de ter sido o artilheiro da equipe na temporada passada, Cebolinha tem 10 gols em 22 jogos neste ano — o dobro de André e Vizeu somados. Outro centroavante com passagem pelo Tricolor, Christian entende que o time é individualista do meio para a frente.
— O Grêmio tem essa característica de toque de bola, mas no último terço do campo todos querem chutar. O Everton faz a diferença tecnicamente, marca gols, mas não é um cara que prepara a bola para o centroavante. Ele chega perto da área e finaliza — ressalta, mas destaca que André e Vizeu precisam estar mais próximos do gol, aproveitando os rebotes.
"Falso 9" poderia ser uma alternativa
A outra opção apontada pelos ex-atacantes é a utilização de Luan ou Tardelli mais avançados, como "falso 9". Em 2016, na campanha do título da Copa do Brasil, Luan atuou nesta função e fez 12 gols em 54 jogos. Atrás dele ficava Douglas, em função que pode ser espelhada por Jean Pyerre, no entendimento de Grafite.
— Luan e Tardelli podem jogar por ali. Se com o André não está funcionando, essa variável com um falso 9 seria uma boa opção para o time voltar a jogar bem — afirma.
Christian concorda, mas pondera:
— É questão de adaptação. Se ninguém preparar a jogada, pode botar o Lewandowski (centroavante do Bayern Munique e da seleção polonesa) que não vai dar certo.
Renato, porém, já disse algumas vezes que não pretende voltar a usar Luan novamente nesta função. Em entrevista recente, defendeu os outros atletas da posição.
— Pode acontecer em determinados momentos de um jogo ou outro, mas não é o meu pensamento. Temos jogadores de área com alto nível: André, Vizeu e também Diego Tardelli. Em um grupo qualificado como o do Grêmio, não tem por que ficar improvisando — falou o treinador.
O certo é que para sábado, contra o Atlético-MG, na Arena, Luan segue como ausência devido a um estiramento muscular. Tardelli, no entanto, se colocou à disposição do treinador.
— Se tiver de jogar ali, eu jogo. Estou me preparando e quero ajudar. Preciso voltar a atuar, a fazer gols. Quem sabe não será sábado? — cogitou o atleta, que está recuperado de lesão e poderá fazer valer a "lei do ex" se for a campo contra o Galo, clube em que foi ídolo e conquistou a Libertadores em 2013.
Números em 2019 pelo Grêmio:
ANDRÉ
- 23 jogos
- 1573 minutos
- 3 gols
- 1 gol a cada 524 minutos
- 6 assistências
- 19 desarmes
- 27 finalizações (13 certas)
VIZEU
- 18 jogos
- 658 minutos
- 2 gols
- 1 gol a cada 329 minutos
- 1 assistência
- 4 desarmes
- 13 finalizações (3 certas)
LUAN
- 15 jogos
- 978 minutos
- 5 gols
- 1 gol a cada 195 minutos
- 5 assistências
- 14 desarmes
- 28 finalizações (16 certas)
TARDELLI
- 12 jogos
- 464 minutos
- 1 gol
- Nenhuma assistência
- 6 desarmes
- 9 finalizações (6 certas)
JAEL*
- 3 jogos
- 210 minutos
- 2 gols
- 1 gol a cada 105 minutos
- 2 assistências
- Nenhum desarme
- 9 finalizações (4 certas)
*Foi vendido ao FC Tokyo-JAP em fevereiro