O Grupo H da Libertadores 2019 terá sabor de revanche para o Grêmio. Entre os adversários já definidos no sorteio realizado segunda-feira (17) pela Conmebol, no Paraguai, estão o argentino Rosario Central, carrasco tricolor nas oitavas de final em 2016, e o chileno Universidad Católica, que eliminou o time gaúcho na mesma etapa, só que no ano de 2011.
O último clube da chave, que virá das fases preliminares da competição, poderá ser o colombiano Atlético Nacional.
Analistas argentinos e chilenos consultados por GaúzhaZH, contudo, afirmam que Rosario e Católica já não contam com times da mesma qualidade que formaram no passado.
Ainda assim, a tradição das camisas promete confrontos complicados para a equipe de Renato Portaluppi a partir de março. Veja como os rivais do Grêmio se preparam para a disputa do principal torneio da América.
Rosario Central com dois remanescentes de 2016
Do time do Rosario Central que eliminou o Grêmio na Libertadores em 2016, restaram somente dois jogadores no grupo. Um deles é o veterano atacante Germán Herrera, 35 anos, que já teve duas passagens pelo time gaúcho nos anos 2000. O outro é Marco Ruben, 32 anos, centroavante que foi sondado seguidas vezes pela direção gremista, mas que não quis deixar o clube argentino. Os dois, no entanto, hoje são coadjuvantes da equipe comandada por Edgardo Bauza, técnico bicampeão da América por LDU e San Lorenzo, que também acumula passagens pelo São Paulo e pela seleção argentina. A principal figura é o centroavante Fernando Zampedri, que marcou 11 gols em 2018.
— Ainda que seja uma referência, Ruben já não é a estrela do Central. Seu nível foi baixo neste ano, marcou somente dois gols. Além disso, ele pode sair em janeiro. Hoje, o Zampedri é o principal atacante da equipe — analisa o repórter Aquiles Cadirola, da Rádio Mitre de Rosario.
Outros nomes de destaque são o goleiro Ledesma, especialista em pênaltis, e o zagueiro Caruzzo, o xerifão da defesa. No meio-campo, o destaque é o meia Leonardo Gil, o principal armador da equipe. O paraguaio Ortigoza, que foi campeão da América com Bauza pelo San Lorenzo em 2014, seria uma espécie de dublê de Maicon: ainda que todas as jogadas ofensivas passem pelo pé dele, a falta de intensidade física prejudica seu estilo de jogo. Na opinião de Cadirola, hoje o Central não tem a mesma qualidade em relação ao time treinado por Eduardo Coudet em 2016.
— O jogo do Rosario hoje é muito ruim, não tem nada a ver com aquele do Coudet. Tem um pouco mais de equilíbrio na defesa, mas tem problemas na criação de jogadas — observa o repórter.
O ingresso no Grupo H, junto a Grêmio, Universidad Católica e mais um rival que pode ser o Atlético Nacional, da Colômbia, foi bem recebido pela direção do Central. O presidente Rodolfo Di Pollina, um dos representantes do clube no Paraguai para o sorteio na sede da Conmebol, destacou o fato de a chave não exigir longos deslocamentos e gerar desgaste extra aos jogadores.
— Vejo como positivo que teremos duas viagens curtas, como serão as para o Chile e para Porto Alegre. Resta saber quem será a equipe que completará o grupo, mas, a princípio, isso não nos causará tanto desgaste e também poderemos nos concentrar na Superliga — comentou Di Pollina, citando o campeonato nacional em que hoje o Central ocupa o 16º lugar na tabela.
Club Atlético Rosário Central
Como chegou à Libertadores: Campeão da Copa Argentina 2017-2018
Fundação: 1889
Cidade: Rosario, Argentina
Estádio: Gigante de Arroyito (49 mil)
Técnico: Edgardo Bauza (desde maio de 2018)
Destaques: Zampedri (centroavante), Leonardo Gil (meia) e Ledesma (goleiro)
Time-base: Ledesma; Bettini, Caruzzo, Cabezas e Parot; Camacho, Leonardo Gil, Ortigoza e Carrizo; Marco Ruben e Zampedri
Quem pode sair: Marco Ruben (centroavante)
Universidad Católica em busca de novo técnico
O atual campeão chileno terá de se remontar para a Libertadores 2019. Após a saída do técnico espanhol Beñat San José, que aceitou proposta do Al-Nasr, dos Emirados Árabes, a Universidad Católica busca um novo treinador para a próxima temporada. Os favoritos para substituí-lo, por enquanto, são os argentinos Antonio Mohamed e Eduardo Domínguez.
O meia argentino Diego Buonanotte, 30 anos, é o grande destaque da equipe. Revelado pelo River Plate e com passagem por Málaga e Granada, na Espanha, ele é o centro criativo do time e também foi o artilheiro na temporada, com 13 gols marcados. Seu parceiro na criação de jogadas é José Pedro Fuenzalida, 33 anos, figura habitual nas convocações da seleção chilena. Uma dupla que pode causar muita preocupação ao Grêmio na avaliação do repórter Andrés González, do jornal chileno El Mercúrio.
— O êxito da Universidad Católica se sustenta por alguns jogadores de grande experiência, como Fuenzalida, um polivalente que pode jogar no meio-campo ou na defesa, Luciano Aued, um volante central de imposição, e, claro, Buonanotte, a principal estrela da equipe, o camisa 10. O resto, são jogadores das categorias de base, outra virtude do time. Destes, os de mais destaque são o zagueiro Kusevic e o volante Ignacio Saavedra — comenta González.
O time chileno, contudo, não traz boas lembranças ao torcedor do Grêmio. Em 2011, durante a primeira passagem de Renato Portaluppi como técnico tricolor, a Universidad Católica, à época treinada pelo argentino Juan Antonio Pizzi e com o centroavante Lucas Pratto e o meia Cañete como destaques, eliminou o clube gaúcho nas oitavas de final da Libertadores. Na avaliação do repórter Rodrigo Fuentealba, do jornal La Cuarta, a equipe daquela época tinha mais qualidade técnica.
— O time de 2011 era superior. Além de ter Pratto em seu melhor momento, também defendia muito melhor, era mais organizado na saída ao ataque e não arriscava tanto — observa Fuentealba.
— Nesta temporada, a Católica ganhou tranquilamente o chileno, mas seu futebol não convenceu a todos. Defensivamente, é um time organizado, que foi pouco vazado, mas tem dificuldade para marcar gols — completa González.
No setor defensivo, o grande destaque fica por conta do goleiro argentino Matías Dituro, 31 anos, que teve bom desempenho ao longo de 2018. Sua permanência, contudo, ainda não é uma certeza para o ano que vem. Ainda que tenha boas chances de ficar, o camisa 1 da Católica precisa ser adquirido em definitivo junto ao Bolívar, de La Paz. Com indefinições no elenco e no comando técnico, o diretor esportivo, José María Buljubasich admite que a Católica terá dificuldades em sua chave na Libertadores.
— Caímos em um grupo com uma equipe que neste ano chegou às semifinais e que foi campeã no ano anterior, com Rosario Central, que é forte como local, e provavelmente contra Atlético Nacional. É um grupo difícil. Tomara que possamos estar à altura — avaliou o dirigente.
Nome do clube: Club Deportivo Universidad Católica
Como chegou à Libertadores: Campeã Chilena 2018
Fundação: 1937
Cidade: Santiago, Chile.
Estádio: San Carlos de Apoquindo (14 mil)
Destaques: Buonanotte (meia), José Pedro Fuenzalida (atacante) e Matías Dituro (goleiro)
Time-base: Dituro; Rebolledo, Kanaro, Kusevic e Magnasco; Saavedra, Aued; Fuenzalida, Buonanotte e Vilches; Saez.
Quem já saiu: Germán Voboril (zagueiro), Branco Ampuero (zagueiro), David Llanos (atacante) e Marco Bolados (atacante)
Quem pode sair: Matías Dituro (goleiro) e Vilches (atacante)
Definição nas fases preliminares
O último time do Grupo H virá das fases preliminares da Libertadores. No entanto, ainda são sete as equipes que podem ingressar na chave do Grêmio. Primeiramente, é necessária a definição do terceiro classificado da Bolívia, que ocorrerá hoje à noite: San José de Oruro, Royal Pari e The Strongest podem ficar com esta vaga. Depois, Deportivo La Guaira-VEN e Real Garcilaso-PER se enfrentarão no mata-mata da primeira fase. O vencedor vai encarar o Atlético Nacional, da Colômbia na segunda etapa da Libertadores. Em outro confronto, o classificado boliviano enfrentará o Libertad-PAR. Os vencedores das duas eliminatórias duelarão para definir quem ingressará no grupo gremista.
PRIMEIRA FASE
E2 - Deportivo La Guaira-VEN x Real Garcilaso-PER
SEGUNDA FASE
C3 - Bolívia 3 x Libertad-PAR
C6 - E2 x Atlético Nacional-COL
TERCEIRA FASE
G3 - C3 (Bolívia 3 ou Libertad-PAR) x C6 (Deportivo La Guaira-VEN, Real Garcilaso-PER ou Atlético Nacional-COL)