Os números comprovam a confiança que Renato Portaluppi deposita no mineiro Alisson, 25 anos. Desde que voltou a jogar, após uma parada de 80 dias, provocada por lesão muscular, o atacante esteve presente em 14 dos 16 jogos disputados pelo Grêmio. Até mesmo titulares indiscutíveis, como Marcelo Grohe, Geromel, Kannemann, Maicon, Luan e Everton, ficam longe dessa marca.
A importância de Alisson também se mede pelos gols marcados. Se a comparação for com Everton, autor de 17, os oito marcados pelo ex-cruzeirense podem não ser uma marca tão expressiva. Um deles, contudo, manteve vivo o sonho do tetra da Libertadores.
A volta após a lesão ocorreu dia 4 de agosto, na vitória do time reserva por 2 a 0 contra o Flamengo, na Arena. Naquele sábado, Alisson entrou no lugar de Marinho aos 31 minutos do segundo tempo. Nos 15 jogos seguintes, só esteve fora de um, a derrota por 2 a 1 para o Estudiantes, em Quilmes, pela Libertadores. A partir de então, seja para iniciar o jogo ou entrar em um momento de dificuldade da equipe, sempre foi lembrado por Renato.
O já citado jogo contra o Estudiantes é épico. Aos 47 minutos do segundo tempo, quando era remota a esperança da torcida em que a equipe seguisse na Libertadores, Alisson aproveitou a falta cobrada por Luan e, de cabeça, garantiu a vitória por 2 a 1 frente ao time de La Plata. Foi o passaporte para as quartas de final, nas cobranças de pênaltis.
Thiago Reis, repórter da Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, acompanha a carreira de Alisson desde a época em que o atacante, com 15 anos, atuava na base do Cruzeiro. Desde então, já percebia a facilidade com que o jogador, na base da velocidade e dribles, abria as defesas adversárias. E está convencido de que a frequência com que sofria lesões foi decisiva para ser liberado, junto com Thonny Anderson, na troca pelo lateral-direito Edilson, no início do ano.
— Aqui, ele era muito cobrado por não saber finalizar. Perdia gols incríveis e a torcida o marcava muito. É nítido que ele aprimorou este fundamento. No Grêmio, tem sido um jogador completo — comenta Thiago.
A melhora nas finalizações tem relação direta com Renato. Como Everton, Alisson aprendeu a ter mais calma no momento de definir o lance, ainda que a atenção dos marcadores, neste momento, seja redobrada. Experiente, o técnico costuma dizer que, nesses instantes, é o zagueiro quem precisa ficar nervoso.
— Ele é um cara que nos ensina muito no dia a dia. Pede calma no último terço do campo. Tratamos de escutar o máximo possível o que ele nos passa — diz.
Segundo Thiago Reis, ao contratar David, por R$ 10 milhões, o Cruzeiro ficou longe de suprir a ausência do agora atacante do Grêmio. Rindo, ele cita uma frase atribuída ao técnico Cuca:
— Alisson consegue correr e pensar ao mesmo tempo, o que, para muitos, é impossível.
O analista de desempenho Gustavo Fogaça não hesita em apontar o atacante como a melhor contratação feita pelo Grêmio na temporada. Destaca fatores como mobilidade e intensidade e cita seus números para incluí-lo no top 5 dos jogadores de melhor estatística. Alisson, entre outros fatores, é o quinto jogador que mais finaliza em gol e o terceiro melhor driblador.
— Taticamente, ele oferece opções a Renato, que pode variar a plataforma tática mantendo-o em campo — observa. — Ele joga de extremo pela direita ou pela esquerda no 4-2-3-1, no 4-3-3 e no 4-1-4-1. Ou seja, o treinador pode variar o esquema sem gastar uma substituição com ele.
Todos os gols de Alisson
- Grêmio 2x1 Brasil-Pel (Gauchão) — 1 gol
- Grêmio 4x0 Brasil-Pel (Gauchão) — 1 gol
- Brasil-Pel 0x3 Grêmio (Gauchão) — 1 gol
- Grêmio 3x1 Goiás (Copa do Brasil) — 2 gols
- Grêmio 2x1 Estudiantes (Libertadores) — 1 gol
- Grêmio 4x0 Botafogo (Brasileirão) — 1 gol
- Tucumán 0x2 Grêmio - Libertadores — 1 gol
Total: 8
Números mostram a importância de Alisson
- 3º melhor driblador (65% aproveitamento médio)
- 4º artilheiro (8 gols)
- 4º em Gols + Assistências (8 + 4)
- 4º em participação nos ataques que geram gols (23%)
- 5º que mais finaliza a gol (média de 2 finalizações/jogo)
- 5º que mais faz passes chave por jogo (média 1.9 / jogo)
Fonte: Gustavo Fogaça