Confesso que, mesmo com toda a esperança de um bom gremista, quando vi Grêmio e Flamengo entrarem no gramado da Arena na noite deste sábado (3), eu tinha como mantra o bom e velho "hoje, o empate é uma vitória".
Porém, minha surpresa com o jogo foi tão intensa quanto a força de uma cabeçada do Jael: 2x0 diante de um Flamengo composto de mais titulares do que o Tricolor. A vitória, muito além de trazer três pontos e manter aquela minha esperança gremista de seguir sonhando com um título brasileiro, também mostrou como cada peça é importante DEMAIS no nosso grupo.
Como exemplo, cito a volta de Bruno Cortez no lado esquerdo do campo, que me traz uma tranquilidade inexplicável. Infelizmente, Marcelo Oliveira ainda está muito abaixo do que precisamos naquela área de atuação. Matheus Henrique na vaga de Bressan, que saiu ainda no primeiro tempo lesionado, teve uma boa oportunidade para mostrar a qualidade do seu futebol. Matheus tem nas costas "apenas" a responsabilidade de herdar a coroa do Rei Arthur — aliás, que saudade do Arthur.
Jaílson improvisado de zagueiro, para permitir a entrada de Matheus Henrique, foi irretocável. Mesmo tendo tomado um cartão amarelo, nosso querido sósia do Will Smith certamente foi abençoado por São Geromel na noite deste sábado.
Quem decepcionou, ainda, foi Marinho. Mesmo com o gol — que só saiu graças a mais uma das assistências do Cruel, a oitava neste Brasileirão — o atacante precisa parar de correr tanto de um lado ao outro sem levar a nada, parar de disparar sem antes controlar a bola. Aliás, Marinho saiu para a volta de Alisson. E que volta, é a reinserção de mais uma peça importante que volta ao time.
Inquestionável é o Jael. Sim, eu sou defensor do Jael. Eu estava lá naquele sábado frio de 24 de fevereiro de 2018 quando o Cruel desencantou e marcou o primeiro gol pelo Grêmio diante do Novo Hamburgo, pelo Campeonato Gaúcho. E admiro a persistência do gigante desengonçado em entender suas deficiências técnicas e dar o sangue pelo time, algo que fez literalmente no jogo, ao cortar o supercílio na cabeçada que abriu o placar diante do Flamengo. E os números também mostram a superioridade do Cruel.
André ainda não desencantou, mesmo tendo qualidade técnica para isso. E espero que não demore tanto quanto o Jael, que como sempre ressalta o comandante Renato Portaluppi, "tem nos ajudado bastante". O que precisamos no momento, nos mata-matas de Copa do Brasil e da Libertadores, é a certeza do esforço de Jael para com o coletivo e não da incerteza individual de André nas atuações apresentadas até agora.
A vitória diante do Flamengo, chegando a mais de duas décadas sem perder para os cariocas em casa no Brasileirão, serve para "marcar território", mandar o recado, não vamos recuar no Maracanã. Aliás, uma casa que costuma nos receber bem.