O jogo contra o São Paulo, quinta-feira, na Arena, refletirá se ainda ecoa no vestiário o volume das cobranças feitas por Renato Portaluppi depois da derrota para o Vasco, no domingo (22), em São Januário. Desde sua volta à casamata do Grêmio, em setembro de 2016, o treinador não havia feito críticas tão contundentes a um grupo que invariavelmente defende. Incomodado com o que definiu como falta de competitividade de sua equipe, Renato concluiu que o Grêmio não merecia sequer o empate. E garantiu que desempenho semelhante não se repetirá mais.
Contra o vice-líder São Paulo, o Grêmio contará com Maicon, que cumpriu suspensão, possivelmente Kannemann, caso reúna condições físicas, e Bruno Cortez, preservado. O desfalque de André, que recebeu o terceiro cartão amarelo, abre nova oportunidade para Jael.
— O Vasco vinha para competir, com vontade de ganhar o jogo. Na cabeça de um ou outro jogador nosso, essas palavras não entraram. Quando estes três ou quatro acordaram, já estava 1 a 0. Tomamos o gol porque entramos dormindo, passeando. Futebol não é assim —apontou Renato, sem citar os nomes de quem havia entrado em campo desatento. — Quando entramos em campo com uma equipe pressionada, temos que competir. Não podemos achar que as coisas caem do céu.
Para o técnico, não faltou iniciativa ao time para marcar pelo menos um gol. O que não houve, conforme sua análise, foi inteligência para tomar as decisões certas. Ele insistiu que havia uma equipe com espírito para ganhar a partida e outra sem este predicado.
— Espero que a gente aprenda com nossos erros. Uma equipe que quer ser campeã tem que competir todos os jogos, o tempo inteiro. Serão cobrados o tempo inteiro. O Vasco mereceu a vitória e que tenhamos aprendido com os nossos erros — cobrou.
Em tom ameaçador, Renato disse que não admitirá que a atuação deste domingo se repita no Brasileirão, Copa do Brasil ou Libertadores. Em caso de reincidência, não hesitará em fazer mudanças que poderão expor o jogador que for substituído:
— Podem ter certeza de que não vai acontecer de novo. Não vou deixar. Não vou dar mais mole, não. Se algum torcedor me vir fazendo substituição com 15 ou 20 minutos, vai saber que aquele jogador não está competindo. Meu grupo gosta de competir. É uma das coisas fortes que temos. Mas só com bola no pé não dá.
Com algum constrangimento, os jogadores foram obrigados a concordar com as críticas do comandante. O lateral Léo Moura discorda da falta de vontade, mas reconheceu que o Grêmio tenha custado a "entrar no jogo".
— Foi um jogo atípico. Temos um grande nível de concentração e comprometimento e deixamos a desejar em vários quesitos. Fizemos um jogo abaixo do que estamos acostumados — disse o zagueiro Geromel, valorizando, contudo, o fato de ser do Grêmio a melhor defesa do Brasileirão, com apenas seis gols sofridos.
Apenas Ramiro transitou em faixa contrária. Para o volante, que terminou a partida na lateral-direita, é injusto cobrar da equipe sempre um desempenho incontestável.
— Eu discordo um pouco. Acho que não fomos tão mal assim como estão falando. Não vamos vencer sempre, nem jogar bem sempre como quarta-feira (contra o Atlético-MG) — afirmou.