Com só quatro gols em cinco jogos dos titulares do Grêmio neste início de ano, o técnico Renato deve mexer no ataque para o jogo com o Juventude, no domingo, que ganhou ares de decisão no Gauchão. Em 10º lugar na tabela, a equipe precisa vencer no Alfredo Jaconi para terminar a rodada dentro do G-8 e encaminhar a classificação para as quartas de final.
A opção mais utilizada por Renato tem sido com Cícero como centroavante. Mas o resultado não tem sido satisfatório. O treinador admitiu que trata-se de uma improvisação e que o meia só está jogando mais à frente para "quebrar galho". Só que, por fazer parte do esquema mais treinado neste ano, Cícero foi mantido entre os titulares.
Mas a boa atuação de Jael contra o Novo Hamburgo, em que deu duas assistências, marcou seu primeiro gol pelo Grêmio e saiu de campo ovacionado pela torcida, pode modificar o panorama da briga no ataque. Embora tenha sido guardado por Renato para o segundo tempo, o camisa 9 tem boas chances de iniciar o jogo contra o Juventude.
Um dado levantado pelo site Footstats recomenda mais chances a Jael. Contra o Defensor, o Grêmio concluiu ao gol oito vezes nos primeiros 60 minutos do jogo. Após a entrada do centroavante, aos 25 do segundo tempo, o time finalizou sete vezes em 30 minutos, ou seja: metade do tempo. Fã do atacante, o ex-presidente do Grêmio, Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, entende que Jael dá mais poder de fogo para a equipe.
— Claro que ele tem dificuldades técnicas, mas muda o jogo. Este esquema não funciona para o Cícero porque ele sai muito da área e tem mais técnica para jogar atrás. O Jael briga com os zagueiros, é um foguete na área — opina Cacalo.
O ex-atacante Magno, que jogou no Grêmio em 1995 e hoje administra uma escolinha de futebol em Canoas, também defende que Jael tenha sequência no time. Mesmo que veja em Cícero um jogador com bom poder de conclusão, acredita que Renato deve usar um centroavante de ofício na equipe.
— O Jael tem mostrado força física e vontade de ajudar o time. Quando entra, busca abrir espaços entre os zagueiros — entende Magno.
O analista de desempenho Gustavo Fogaça diverge de Cacalo e Magno. Entende que, mesmo que Jael tenha mais força física, não tem capacidade suficiente para superar defesas mais retrancadas, como a que o Grêmio encarou contra o Defensor.
— Com um jogador fixo na área, os zagueiros não saem e a linha defensiva não se quebra. O Cícero tem boa qualidade técnica, mas não serve para fazer esta movimentação como falso 9. Na maioria do tempo, ele joga como meia e o Luan fica mais avançado do que ele — observa Fogaça.
Capitão do tetra do Grêmio na Copa do Brasil em 2001, o ex-meia Zinho, hoje comentarista do canal Fox Sports, lembra do período em que foi gerente-executivo do Santos e trabalhou com Cícero na Vila Belmiro. Até por isso, faz elogios ao meia, citando a boa impulsão e o cabeceio que o jogador tem na área adversária. Ainda assim, acredita que Hernane Brocador, quando estiver em boas condições físicas, assumirá a titularidade no ataque.
— Ele teve uma fase muito boa no Flamengo, tem mais mobilidade do que o Jael. Quando entrar em forma, será uma opção muito importante para que o Renato possa modificar um pouco o esquema do time — entende Zinho.