Difícil entender o que leva um cidadão a fazer o que o idiota, para dizer o mínimo, fez ao xingar a repórter Renata de Medeiros, da Rádio Gaúcha , durante o Gre-Nal do domingo (11), pelo Gauchão. Depois, para piorar, não satisfeito, ele partiu para a agressão física. Também aconteceu com a Juliana Palma e com a Kelly Matos e continuará acontecendo, por dois motivos, enquanto as autoridades, junto com os clubes, não mudem algumas culturas.
O primeiro, e mais evidente, mais tosco, pré-histórico e imbecil, é o machismo, óbvio. Ora onde já se viu mulher achar que entende de futebol, não é? Já contei inúmeros casos de torcedores fanáticos, doentes (só assim para definir) que me escreveram absurdos aqui na coluna, ou no espaço que ocupei como interino do Cacalo, no Diário Gaúcho, sem conseguir nem argumentar, apenas pelo simples prazer insano de xingar quem pensa diferente.
Tem ainda, alguns que acham que entendem alguma coisa de futebol, fazem teorias bizarras, e terminam do mesmo jeito: xingando. Só porque quem está do lado de cá (mesmo em um espaço identificado com o Grêmio), tenta enxergar o futebol com paixão, sim, mas não como um maluco, fanático, que não enxerga um palmo na sua frente.
Obviamente, deve incomodar a esses comentaristas frustrados, que enchem os espaços destinados aos comentários com desaforos, que mandam e-mails desrespeitosos, que as gurias deem provas diárias de sua competência na cobertura esportiva, mostrando que entendem muito, que acompanham treino, que se esmeram para fazer o melhor. E fazem.
O segundo, é um sentimento também pré-histórico que toma conta de multidões, em uma espécie de catarse, principalmente no ambiente de um estádio de futebol. Muitos torcedores ficam cegos, brigam entre si, discutem, xingam mãe, pai, quem tiver pela frente, com o argumento de que "no estádio, dá pra descarregar a raiva de todo o resto", e uma vida frustrada, muitas vezes. Depois, fora do estádio, está "tudo certo".
Então, enquanto não só o machismo, mas esse essa cegueira coletiva, que leva o amor pelo clube a um fanatismo exagerado, a quase que uma doença, seguirem presentes, fatos como estes vão seguir acontecendo. Infelizmente, machistas, loucos e fanáticos seguirão frequentando os estádios, falando o que querem, protegidos pelo argumento de que "estádio é lugar pra jogar fora toda a raiva".