Depois da épica conquista da Recopa Sul-Americana, minhas melhores suspeitas estão se concretizando: o Grêmio de Renato Gaúcho será ainda mais vitorioso do que o memorável time comandado por Felipão de 1994 a 1996. É questão de tempo. De fato, não sabemos ainda aonde este ciclo virtuoso pode levar o tricolor gaúcho, mas não tenho mais dúvidas de que a química dentro do clube deu tão ou mais certo do que na década de 1990. As semelhanças com aquele período bem-sucedido são diversas, a começar pelos homens que jogam embaixo das traves.
O goleiro Marcelo Grohe salta na bola em uma cobrança de pênalti, com uma paixão que impressiona e uma determinação que desola os adversários mais otimistas. Essa, aliás, é uma descrição que também caberia perfeitamente a Danrlei, o mítico goleiro que crescia em momentos decisivos e terá um lugar garantido para sempre no coração de qualquer torcedor do Grêmio.
Outra analogia é com relação à forma efetiva com que o tricolor recuperou jogadores até então desacreditados em equipes anteriores. Jardel e Paulo Nunes, por exemplo, não estavam sendo aproveitados por Vasco e Flamengo, receberam chance por aqui e viraram ídolos.
No elenco tricampeão da Libertadores, por sua vez, observamos fenômeno semelhante. Nós vimos Cícero, Fernandinho, Léo Moura e Cortez superaram dificuldades encontradas em outros clubes e nos presentearem com virtudes, gols e atuações que foram fundamentais para a conquista gremista.
E Geromel e Kannemann? Uma dupla de zaga afinada, séria, sólida que nos traz até mais segurança do que as robustas partidas dos multicampeões Rivarola e Adílson, o "Capitão América". Adílson inclusive já declarou recentemente que havia chegado a hora de passar o bastão para Geromito.
O trabalho forte da direção para garimpar talentos nas categorias de base também é outro aspecto positivo que trouxe frutos para os dois ciclos vitoriosos, cujos maiores expoentes são Arthur e Luan. O atacante chegou como promessa depois de ser observado na Copinha e logo mostrou seu potencial.
Pela seleção brasileira, foi campeão na Olimpíada do Rio e no tricolor garantiu o posto de melhor jogador da Libertadores, com gols displicentemente talentosos. Arthur, a partir do ano que vem, deve beneficiar os espanhóis do todo poderoso Barcelona com seu passe perfeito.
Contudo, é no comando da instituição que vem o grande destaque. Romildo Bolzan tem o mesmo pulso firme, a dedicação e o foco na gestão de resultados do lendário Fábio Koff. São presidentes que têm em comum a abnegação e o conceito de montar equipes produtivas e com "a cara" que a torcida tanto conhece e espera.
Portanto, agora só nos resta esperar para ver quais as cartas que Renato Gaúcho terá à disposição para vencer o Campeonato Brasileiro, outro título muito esperado. É verdade, Renato acostumou mal a torcida, assim como Felipão já também o fez.
O voo tricolor está em velocidade de cruzeiro e acredito que a metade azul do Rio Grande estará novamente este ano embarcando para os Emirados Árabes. Alguém duvida?