O Grêmio é o legítimo Tricampeão da América. E o título marca um momento histórico — de Luan, de Marcelo Grohe, de Renato Portaluppi. De todos os oito milhões de gremistas. Confira, em vídeo, os principais momentos da campanha do Tri!
Confira na íntegra o texto do jornalista Cauê Fonseca, usado no vídeo acima:
Não sei se você está lembrada de mim, Libertadores. Sou aquele mesmo tricolor de meias baixas e cabelos esvoaçantes de 1983. Da última vez que você correspondeu ao meu desejo, em 1995, eu era um cara mais agressivo.
Demorei para perceber que os tempos são outros. Para você voltar para mim, eu precisava me tornar um cara diferente.
Posso te confessar uma coisa? Nunca deixei de te desejar. Nós nascemos um para o outro. Mas o meu nervosismo andava me prejudicando.
Nas últimas quatro vezes em que estive nos teus gramados, sequer fui um dos teus oito melhores pretendentes.
É pouco.
Você merecia mais, Libertadores. Por isso eu recuperei a confiança em mim mesmo antes de te reencontrar.
Esse tricolor, aqui, fez sucesso em 2016. Fui chamado de rei, e talvez minha coroa tenha te chamado a atenção desde a primeira fase. Não chamou?
Dessa vez, quando voltei àquelas malditas oitavas de final, mal tomei conhecimento do pequeno argentino que concorria comigo ao teu amor. Venci em Mendoza e em Porto Alegre.
Mas eu ainda me perguntava se você desejava um rei como eu, ou um novato atrevido. Talvez o brasileiro “exterminador de campeões” que enfrentei nas quartas de final.
Não era um bom momento. Tive de enfrentá-lo sem a minha melhor arma. Foi tenso, mas venci mesmo assim. Acho que ali você enxergou que eu estava diferente.
Tão diferente, tão confiante que não tomei conhecimento do equatoriano de estádio lotado a me desafiar na semifinal.
Desfilei. Exibi para ti o meu melhor.
Teve goleada e há 10 anos eu não via você sorrir para mim com tanto desejo. Mas o revés no jogo da volta foi um bom alerta. Era cedo demais para comemorar.
Meu concorrente final era outro argentino. Um sujeito pequeno, mas determinado.
Um cara que inúmeras vezes pareceu fora de combate, mas a valentia em pênaltis e viradas começaram a cativar um espaço no teu coração. Talvez fosse um bom partido. Confessa, Libertadores.
Mas teu coração é um só. Tomado de ciúmes, fui à luta. Eu tinha de conquistar ele de volta. Fosse nessa casa nova azulada que vibra de vontade de te der, em Porto Alegre, ou em uma fortaleza lotada na Argentina.
Foi um longo ano. Foi dramático como um tango. Mas teu coração enfim voltou a bater por mim, Libertadores.
Que lindo te reconquistar em Buenos Aires. Que tal curtir nossa lua de mel em Abu Dhabi?