A final da Libertadores entre Grêmio e Lanús promoverá nesta quarta, em La Fortaleza, importantes confrontos individuais. Na defesa, os capitães Pedro Geromel e Maximiliano Velázquez lutam para levantar sua primeira taça de Libertadores.
Do meio-campo para frente, Luan e Lautaro Acosta, os dois camisas 7 das equipes, são as grandes referências técnicas. E os centroavantes Barrios e Sand as esperanças de gol na decisão. Veja como cada um deles poderá ser protagonista na grande batalha pela conquista da América.
Geromel e Velázquez, os capitães
Um deles viverá a emoção de levantar sua primeira taça Libertadores da América nesta quarta-feira à noite. No Grêmio, Pedro Geromel tornou-se, em quase quatro anos, um dos maiores zagueiros da história do clube. É digno de uma galeria que tem como principais expoentes Airton Pavilhão, Hugo De León e Adílson Batista. E, se conquistar o tri da América contra o Lanús, seguramente colocará seus pés na calçada da fama da Arena.
Mais do que entrar na história do Grêmio, Geromel atingiu, com sobras, o objetivo que tinha ao voltar ao Brasil em 2014, com a ajuda de seu empresário, Maickel Portela, após 10 anos jogando na Europa: tornar-se reconhecido em seu país natal. O paulista de 32 anos chegou à Seleção Brasileira, já conquistou uma Copa do Brasil e hoje é uma unanimidade como um dos melhores zagueiros no futebol brasileiro.
— Nunca tive essa pretensão de jogar em um grande clube, ir para a Seleção e tudo o que aconteceu. Quando voltei ao Brasil, ninguém me conhecia. Fui criticado quando vim. Fui para a Europa com 17 anos e estava rodando, pensava que nunca teria a chance de jogar em um time grande aqui. Aí surgiu o Grêmio, que ia jogar a Libertadores quando cheguei. Estar aqui, hoje, é um sonho — declarou o capitão gremista, que herdou a braçadeira após a lesão do volante Maicon.
No Lanús, o lateral-esquerdo Maximiliano Velázquez, do alto de seus 37 anos, transformou-se em símbolo do clube argentino. Com mais de 400 partidas, é o jogador que mais entrou em campo com a camisa do clube. Em 19 anos de carreira no futebol, atuou 13 deles em La Fortaleza. Trata-se de um capitão que já entrou na história da equipe, participando da era mais vencedora do time. Este ciclo se iniciou com o a conquista do campeonato argentino em 2007, seguiu com a Copa Sul-Americana em 2013, passou pelo bi nacional ano passado e pode culminar no título mais importante dos 102 anos do Lanús: a Libertadores.
— É o jogador mais experiente do plantel. Não só por seus 37 anos e porque ganhou duas copas Sul-Americanas, com Lanús e Independiente. Velázquez tem muito boa proteção, técnica e qualidade na bola parada — observa Juan Manuel Raimundo, repórter da agência de notícias argentina Télam.
Luan e Acosta, os camisas 7
Seja Grêmio ou Lanús, o campeão da Libertadores 2017 contará com um camisa 7 de muito talento e em nível de seleção. No time gaúcho, Luan atingiu a maturidade nesta temporada com atuações de luxo, sobretudo no Brasileirão e na Libertadores. Lançado no profissional em 2014, por Enderson Moreira, o meia-atacante de 24 anos teve, no ano passado, uma temporada mágica: ganhou a medalha de ouro com a seleção olímpica nos Jogos do Rio e também foi nome de destaque, marcando belos gols no penta do Grêmio na Copa do Brasil.
Neste ano, Luan tomou para si o protagonismo no Grêmio. Com a grave lesão no joelho de Douglas, o meia-atacante foi fixado por Renato como meia central, onde virou peça decisiva para o desempenho em alto nível do time _ o que rendeu sua primeira convocação pelo técnico Tite para a Seleção principal. Além de ditar o ritmo do meio-campo, com passes precisos e triangulações, também marcou gols importantes, sobretudo os dois na semifinal contra o Barcelona de Guayaquil, no Equador. Ao todo, já balançou as redes 17 vezes no ano. Com sete gols, também briga pela artilharia da Libertadores. Hoje, é apontado, sobretudo por Renato, como o melhor jogador em atividade no futebol brasileiro.
— No individual, pude me sobressair. Jogar, ter regularidade, fazer grandes partidas e ajudar com gols e assistências. Isso eu deixo para ele (Renato), que é o treinador, falar. Ele é quem pode dizer isso — disse Luan, em entrevista recente a ZH.
No Lanús, o camisa 7 Lautaro Acosta é o maior ídolo da torcida. Formado no clube da cidade que fica ao sul de Buenos Aires, já foi bicampeão argentino pela equipe e campeão da Sul-Americana em 2013. A identificação com o Lanús é tão grande, que, após passar por Sevilla e Racing Santander, da Espanha, e pelo Boca Juniors, o atacante de 29 anos fez questão de retornar a La Fortaleza, onde se sentia à vontade.
Laucha, como é apelidado pelos torcedores, ganhou a confiança de Jorge Sampaoli e foi convocado para a seleção argentina pela primeira vez neste ano, assim como Luan. O grande momento também o fez entrar no radar de equipes brasileiras, como o Cruzeiro. Assim, dificilmente seguirá na equipe argentina na próxima temporada.
— É um jogador que nasceu no Lanús, um dos mais ganhadores da história da equipe. Ele diz que é muito feliz no clube e tem como propósito permanecer. Mas, se chegar uma oferta para sair, irá analisar — comenta Jeremias Masiera, da rádio argentina Rivadavia.
Barrios e Sand, os goleadores
Dois artilheiros experimentados são as principais esperanças de gols de Grêmio e Lanús nesta final de Libertadores. No time gaúcho, Lucas Barrios retomou, aos 33 anos, após passagem de altos e baixos pelo Palmeiras, sua melhor forma. Com 18 gols nesta temporada, foi decisivo para a classificação sobre o Botafogo nas quartas de final e relembrou suas melhores épocas da carreira, quando empilhou gols no Colo-Colo, do Chile, e no Borussia Dortmund, da Alemanha.
Com seis gols nesta Libertadores, Barrios terá um duelo particular com José Sand, do Lanús, pela artilharia da competição. O argentino balançou as redes oito vezes e está empatado na liderança com Scocco, do River Plate, e Chumacero, do boliviano The Strongest. Para Marcelo Moreno, ex-atacante do Grêmio, que foi goleador da Libertadores aos 18 anos de idade, pelo Cruzeiro em 2008, a experiência dos centroavantes pode ser decisiva na disputa.
— Torço para que o Barrios leve esta, o Grêmio está em um momento maravilhoso neste ano. Está encaixando muitas bolas para ele definir bem, ele sabe concluir com as duas pernas e com a cabeça. E vem mostrando todo seu futebol no Grêmio, tomara que ele conquiste a artilharia e o título — projeta Moreno.
No Lanús, o veterano José Sand vive seu melhor momento na carreira aos 37 anos. Foi muito por conta de seus dois gols marcados no jogo de volta da semifinal contra o River Plate, em La Fortaleza, em que sua equipe conseguiu uma reação impressionante ao virar a partida de um 2 a 0 para um 4 a 2 e garantir a classificação para a final.
Em 18 anos de carreira como profissional, Sand, que foi formado na base do River, já teve até passagem pelo Brasil, jogando pelo Vitória, da Bahia, entre 2001 e 2002. Também rodou pelo mundo árabe, pela Espanha e pelo México. Agora, está em sua segunda passagem pelo Lanús, clube que o abraçou e com o qual tem identificação incrível. Só neste ano, tem média invejável, com 26 gols em 40 jogos. O veterano será um trunfo de peso para a decisão.
— Nunca imaginei jogar uma final de Libertadores. É claro que você sempre pensar no melhor, mas é difícil chegar na fase decisiva do torneio e os clubes que disputam são fortes. É um momento histórico para nós, torcida e diretoria — comentou Sand.