Campeão da Libertadores da América, ex-jogador do Grêmio e já eliminou o Lanús de uma competição internacional. Credenciais não faltam para o ex-volante Leonardo Astrada, 47 anos, dar dicas sobre o que o time gremista deve fazer na grande final contra os argentinos. Segundo ele, o ponto fraco do adversário está na defesa.
– Não que a defesa do Lanús seja fraca, mas como se somam tantos jogadores no ataque, isso faz com que sobre mais espaço para os defensores. E os zagueiros deles são lentos. O Grêmio tem jogadores rápidos que podem desequilibrar – opina Astrada.
Volante campeão da América em 1996 com o River Plate, Leonardo Astrada atuou no Grêmio em 2000, no time da era ISL, que acabou não prosperando. 14 anos depois, já como treinador do Cerro Porteño, eliminou o Lanús, então treinado pelo ídolo do Boca Juniors, Guillermo Barros Schelotto, das oitavas de final da Copa Sul-Americana.
A dica: fazer uma vantagem boa em casa e manter a guarda alta, pois o Lanús não se desespera com o resultado e nem muda a forma de jogar quando está perdendo.
– Naquela vez, fomos bem jogando em casa primeiro em Assunção (vitória por 2 a 1). Na volta, aqui (na Argentina), vimos um Lanús muito mais agressivo, querendo atacar. Eles são muito fortes com o apoio da sua torcida e são um time que sempre tenta propor o jogo. Eles não mudam a forma de jogar nem se estão perdendo por 2 a 0 – alerta Astrada, lembrando as viradas sobre San Lorenzo e River Plate.
Confira a entrevista com Leonardo Astrada
Como você define o Lanús? Quais as principais virtudes?
É um time muito compacto, que ataca em bloco e também defende com os onze jogadores. Creio que o jogador que mais se movimenta é o Acosta, que desequilibra muito no um contra um. E tem também o Sand, que faz pivô permanentemente atrás dos zagueiros e é muito perigoso dentro da área. E ele sempre fez gols desde jovem. Em todos os clubes, sempre foi goleador, e isso fortalece muito o time.´
É correto então dizer que o ponto forte do Lanús é o ataque, enquanto a defesa é o ponto fraco?
Sim. Não que a defesa do Lanús seja fraca, mas como se somam tantos jogadores no ataque, isso faz com que sobre mais espaço para os defensores. E os zagueiros deles são lentos. O Grêmio tem jogadores rápidos que podem desequilibrar.
Como o Luan?
Sim, mas não só ele. O meio pode avançar. O Grêmio tem boa rotação de bola e desequilibra no um contra um.
Você já superou o Lanús quando era técnico do Cerro Porteño, nas oitavas da Copa Sul-Americana de 2014 (vitória de 2 a 1 no Paraguai e empate por 1 a 1 em Lanús. Que lições você dá para o Grêmio sobre como ganhar no La Fortaleza?
Naquela vez, fomos bem jogando em casa primeiro em Assunção. Fizemos uma diferença no jogo e no resultado. Aqui (na Argentina), vimos um Lanús muito mais agressivo, querendo atacar. Era outro time, mas com as mesmas características. Jogava em um 4-3-3, como agora com Almirón, mas com outros jogadores. Tivemos a virtude de fazer o primeiro gol aos 10 minutos e pudemos manter o resultado. O jogo foi empate, foi um jogo muito aberto pelo que propuseram os dois times.
Então você daria como dica fazer a diferença antes jogando em casa, já que depois, no La Fortaleza, o Lanús é muito mais agressivo?
Sim, muito mais agressivos. Eles são muito fortes com o apoio da sua torcida, são um time que vai pra frente e que já reverteu resultados, com San Lorenzo e River Plate, em situações adversas. Mas é um time que sempre tenta propor o mesmo jogo. Eles não mudam o seu jogo. Se estão perdendo por 2 a 0, não começam a dar chute de forma desesperada. Sempre mantêm a rotação de bola e tratam de criar superioridade numérica para dificultar o adversário.
Com a experiência de já ter vencido a Libertadores da América, pelo River Plate em 1996, e por já ter jogado no Grêmio em 2000, você vê o time gremista atual com cara e jeito de campeão da América?
Sim, desde o começo da Copa, eu olhava os times que tinham possibilidade de chegar e via que o Grêmio era um desses. É um time forte, que se assemelha ao futebol argentino, com marcação forte. E depois tem o futebol de desequilíbrio que sempre teve o jogador brasileiro. É uma equipe compacta, que conseguiu bons resultados, tanto em casa, como fora.
Para quem o torcedor do River Plate vai torcer? Lanús ou Grêmio?
Não, não vai torcer para nenhum dos dois. Mas, como todo argentino, o mais razoável é que queira que ganhe o Lanús, como se passa com qualquer torcedor brasileiro, à exceção do Inter, que vai querer que o Grêmio ganhe.
E você torcerá pelo Grêmio, por ter jogado lá em 2000?
Sim, tenho um sentimento pelo Grêmio. Recordo muito da minha passagem em 2000. Tenho muita gente conhecida em Porto Alegre que vou visitar uma vez ao ano. Me deu oportunidade de crescer humanamente e futebolisticamente. Darei minha pequena força para que o Grêmio possa vencer a Copa.