Como costuma acontecer sempre que um clube conquista um título importante, sinto-me no dever de cumprimentar seus profissionais, sua direção e seus torcedores. Refiro-me ao América-MG, que, com muito sacrifício, enfrentando jogos e adversários muito difíceis, alcançou o título da Segunda Divisão.
Foi uma equipe organizada por Enderson Moreira, valente e humilde, que superou dificuldades que se diziam intransponíveis. Preparei-me para escrever que Porto Alegre teria, ao longo da história, dois campeões da Série B. Mas nós temos de nos contentar em ter um campeão e um vice.
Jogo sem graça
Na penúltima rodada deste Brasileirão, todos os clubes envolvidos tinham algum interesse. Apenas nosso jogo na Arena não tinha nenhuma aspiração, a não ser que os meninos realizassem uma boa partida. O segundo tempo foi razoável. Mas não se pode exigir de um elenco que, na quarta-feira decide o tri da Libertadores, tenha um forte interesse em um jogo sem nada a valer.
Nem a torcida gremista compareceu. Mas, na quarta, o País inteiro estará com os olhos voltados para o Grêmio. E nós, gremistas, com o coração batendo forte.
Memória da Libertadores
Atualmente, os clubes e, especialmente, seus departamentos de futebol, possuem muitos recursos tecnológicos e equipes muito preparadas para oferecer aos profissionais que vão à campo e à comissão técnica condições plenas para que possam assumir as mais adequadas decisões.
Por igual, o trabalho de logística nos dias de hoje também é moderno, rápido e feito com muita racionalidade, graças também a toda uma tecnologia disponibilizadas às maiores equipes.
No entanto, na época em que participei como dirigente, e me refiro à Copa Libertadores da América de 1995, quando era o responsável pelo futebol, algumas decisões, por mais estudadas, avaliadas e racionais que pudessem ser, ainda continham um quê de subjetividade, opinião e paixão.
A esmagadora maioria dos dirigentes do departamento de futebol opta, talvez com muita razão, quando um clube viaja, por hotéis afastados. Esconde, no bom sentido, os atletas, privilegiando a total concentração e o total isolamento. Naquela época, eu tinha uma opinião diversa, obviamente submetendo a outros setores do clube e, especialmente, ao treinador e aos atletas. Escolhíamos hotéis que permitiam aos jogadores manterem a devida concentração, mas não fugirem do contato com o público, claro, com resguardo.
Assim foi feito em Quito e Medellín. Nesta última, inclusive, a RBS fretou um avião para levar torcedores, que, ao chegarem, foram direto ao hotel onde estávamos desde quatro dias antes, concentrados para enfrentar o Atlético Nacional, sabedores da vantagem de 3 a 1 obtida no jogo de ida, no Estádio Olímpico.
Talvez hoje, meus companheiros e eu pudéssemos agir diferente. Mas graças ao trabalho dos atletas e do técnico Luiz Felipe Scolari, o resultado todos sabem: Grêmio bicampeão da América.