A noite avançava já em Moscou quando o volante Fernando atendeu ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha, para conversar sobre a iminente chegada de Luan ao Spartak. Campeão russo depois de 16 anos e afirmado como titular, o ex-gremista revela que as negociações já são notícia no país e admite a expectativa em contar com o meia para o mais importante temporada do clube neste século, com a participação na Liga dos Campeões. Confira a seguir, trechos da entrevista..
O que se fala em Moscou sobre a chegada de Luan?
A imprensa comenta bastante aqui a transação. Espero que possa se concretizar. Luan é grande jogador, nos ajudaria muito. Ficaríamos felizes se isso acontecesse.
Leia mais
Saída de Luan só depende do acerto entre Spartak e empresários do jogador
Dinheiro de sobra, popularidade e título: a história do Spartak, que negocia para ter Luan
Disputa entre Spartak e Sampdoria pode fazer Grêmio lucrar mais com Luan
Que clube é o Spartak?
Um clube muito popular na Rússia, disparado o que tem maior torcida aqui. Para entender, seria como se fosse um Corinthians ou Flamengo no Brasil. O dono é um bilionário que investe muito no futebol, por gostar do esporte. Na temporada passada, fomos campeões russos depois de 16 anos. No início desta temporada, conquistamos a Supercopa, inédita para o clube. O Spartak é um dos maiores vencedores do Campeonato Russo. Fico muito contente de jogar aqui neste momento, por mais que esteja na Rússia, que não é um centro tão reconhecido na Europa. Mas defender o Spartak é defender o clube de maior torcida e maior popularidade do país.
Mesmo a Rússia sendo um país continental, é possível dizer há torcida do Spartak em todos os cantos?
Exatamente. A gente, em todos os jogos em casa, seja meio de semana ou fim de semana, atua sempre com o estádio lotado. Fora de casa, há muita torcida comparecendo em nossas partidas. Há um time que subiu para a primeira divisão agora e que fica a oito horas de avião de Moscou. Mesmo nesse lugar a gente encontra muito torcedor do Spartak. É um clube dono de muita popularidade aqui na Rússia.
Luan chegará a um clube em que pressão estará menor depois da conquista do título, não?
Um clube com a popularidade dessas ficar tanto tempo sem conquistar título algum causava pressão muito grande no nosso ambiente. Depois de 16 anos, felizmente, conseguimos a taça. O projeto era esse quando me procuraram. Acabei vindo, é claro, pela proposta apresentada, mas também por me darem um plano de carreira. Fiquei muito contente pelo primeiro ano. Mas o Luan, vindo, encontrará um clube com tradição em receber brasileiros. Rafael Carioca, Alex, que foi capitão, e Wellinton jogaram aqui nos últimos anos.
Há a Liga dos Campeões pela frente. Como está sendo a preparação para voltar à competição mais importante da Europa?
Sem dúvida, este é um ano especial, em que teremos a Liga dos Campeões. Sem dúvida, é a maior competição de clubes do mundo, e isso torna a temporada muito especial. Temos também o desafio muito grande de defender esse título conquistado na temporada passada.
Como é a estrutura oferecida pelo Spartak?
O que temos aqui é muito bom, O estádio é de Copa do Mundo, vocês puderam ver como é esse padrão em 2014. O CT, nosso presidente está construindo um novo à frente do estádio, muito moderno. Terá todos os requisitos exigidos para o alto rendimento. O Spartak tem tudo para, nos próximos anos, crescer em preparação, estrutura e resultados. Mas o CT que temos hoje já é excelente, conseguimos trabalhar com tranquilidade e conforto.
Como o técnico italiano Mássimo Carrera monta a equipe?
O Mássimo chegou como auxiliar do professor Dmitri Alenichev, que acabou caindo no início da temporada. Ele assumiu com interino, se saiu bem e acabou efetivado. Depois, veio todo o sucesso do time com o título. O Mássimo exige intensidade física, combinação e troca de passes. Jogamos no 4-2-3-1-, é o esquema usado pelo Grêmio em boa parte do ano. O Luan poderá jogar atrás do último atacante, como faz aí. É um jogador inteligente, sabe fazer a leitura do jogo. Nunca atuamos juntos, mas sempre assisto aos jogos do Grêmio na TV e percebo isso. Luan não é aquele tipo de jogador que só pode fazer um função do ataque. Pelo contrário, tem qualidade e inteligência para fazer mais de uma. Seria muito interessante a vinda dele. Acrescentaria muito ao nosso grupo.
O Campeonato Russo é de muita pegada. Como seria a adaptação do Luan?
Acho que seria algo normal. Claro, o futebol aqui não é como o brasileiro, em que se tem espaço para pensar muito. É um jogo mais rápido, tem muito contato físico. Se ele vier, eu e o Luiz Adriano vamos fazer de tudo para ele se adaptar o mais rápido possível. E mais, com a qualidade que tem, fica mais rápido de de se adaptar.
Você conversou com os dirigentes sobre a possibilidade de chegar mais um brasileiro?
Aqui é mais difícil de falar com o vice de futebol. Até porque ele é russo, se faço uma simples pergunta, ele vai falar para caramba, e eu não entenderei a metade (risos). Pelo fato de ter jogado na Itália e dominar o idioma, converso muito com o técnico, tenho abertura com ele. Conversamos sobre contratações e a parte tática. Mas ele não falou sobre o Luan ainda porque não há nada de concreto. Mas o nosso departamento de futebol deve estar trabalhando nisso para fechar a contratação o mais rápido possível.
Você jogou na Sampdoria, que fez proposta por Luan, conhece bem os dois clubes. Seria melhor para o Luan a Itália ou a Rússia?
Acredito que seria mais fácil a adaptação aqui na Rússia. Pelo fato de o futebol ser mais intenso, de o Spartak ser uma grande equipe, que propõe o jogo. Na Itália, a Sampdoria é um clube que briga pelo meio da tabela, arma mais o time para defender do que para atacar. O Luan sentiria dificuldades porque não pegaria muito na bola, e ele é jogador técnico, de aproximação, de toque de bola. Aqui seria mais interessante para ele.
*ZHESPORTES