Por muito tempo, Hélio Dourado rejeitou a Arena, o luxuoso palco que, desde dezembro de 2012, recebe os jogos do Grêmio. O ex-presidente e terceiro patrono do clube, morto nesta terça-feira (1º/8) só aceitou conhecer a casa em 2015, nas festividades dos 112 anos do Grêmio.
Dourado, na verdade, não rejeitava a Arena, ainda que lhe doesse demais ver ser deixado para trás o estádio que ele modernizara na década de 1980, percorrendo o Estado em uma épica campanha em busca de tijolos e cimento. O que ele não aceitava a ideia de ver sangrar as finanças tricolores.
– Ele nunca foi contra a Arena. Entendia que o melhor seria modernizar o Olímpico, mas não era contra a obra. Era, isto sim, contra o tipo de negócio, que, no seu entendimento, prejudicava o Grêmio – conta o conselheiro Gladimir Chiele, o mais fiel amigo e confidente de Hélio Dourado nos últimos anos de vida do ex-dirigente.
Chiele acrescenta:
– Se fosse assinado o contrato original, que previa o pagamento de R$ 42 milhões anuais pela migração dos sócios, o clube ficaria inviabilizado. O Grêmio não teria acesso à bilheteria e ainda teria de pagar essa conta.
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A aproximação entre os dois deu-se quando o ex-presidente buscou maiores informações sobre o contrato. Chiele o abasteceu de elementos técnicos e alertou sobre a necessidade de algumas mudanças, que não sufocassem o clube.
Com a interferência dos dois, introduziu-se no contrato um aditivo que reduziu a conta primeiro para R$ 18 milhões e, depois, para R$ 15 milhões.
– Ele tanto não era contra que aceitou conhecer a Arena quando o Grêmio decidiu iniciar as tratativas para a compra da gestão. Caso contrário, jamais poria os pés lá. Não era o prédio que o incomodava, mas o contrato. Tinha razão, tanto que o contrato segue ruim para os dois – diz Chiele.
O conselheiro foi um dos primeiros a chegar à casa de Dourado ao saber da morte. Depois de uma agenda profissional no interior, retornaria à Capital, tendo a Arena como destino, para fazer a última homenagem ao amigo morto.