Luan está a caminho do clube mais popular da Rússia e dono da torcida mais fiel e fervorosa. O Spartak tem origem nos sindicatos dos trabalhadores e surgiu nas regiões mais pobres de Moscou. Sua criação não está relacionada com as instituições governamentais, como o Dinamo (polícia), CSKA (exército) e Lokomotiv (ferroviários). O surgimento do Spartak no início da década de 1920, nos primeiros anos da União Soviética, deu-se para atender à paixão dos trabalhadores por futebol. O governo viu como positivo surgir um clube para o povo, já que os demais atingiam as suas camadas elitizadas.
Tanto é que o Spartak nasceu Krasnaya Presnya – Krasnaya é vermelho em homenagem à revolução comunista, Presnya é o nome do bairro de casas de latas em que viviam os trabalhadores, uma região com altos índices de violência e proibida para as elites. Inicialmente, o clube recebeu apoio dos sindicatos dos trabalhadores da indústria de alimentos. O apelido de "A Carne", como é chamado por torcedores, vem dessa época.
Leia mais
Saída de Luan só depende do acerto entre Spartak e empresários do jogador
Disputa entre Spartak e Sampdoria pode fazer Grêmio lucrar mais com Luan
Grêmio admite que Luan poderá sair e descarta vinda de novo reforço para ocupar a vaga
O batismo como Spartak ocorreu apenas em 1935. Foi um sutil desafio a Stálin, já que tem origem em Spartacus, o famoso gladiador que liderou rebelião contra o Império Romano. É evidente que homenagear um lutador que enfrentou a dominação de um império repressor não caiu bem no Kremlin. Até a morte de Stalin em 1954, torcer pelo Spartak era sinal de desafio aos líderes comunistas.
Simpático aos trabalhadores, o Spartak enchia estádios e colecionava títulos. Foram 12 títulos soviéticos. Só o Dinamo Kiev ganhou mais. A partir da dissolução do bloco comunista, foram 10 títulos russos. O último veio neste ano e encerrou uma fila de 16 anos. A veia trabalhadora do Spartak, é bem verdade, ficou apenas nos registros históricos. O futuro clube de Luan é hoje um dos mais endinheirados da Rússia. Quem o banca é Leonid Fedun, um dos maiores acionistas da Lokoil, empresa que está entre as gigantes mundiais do petróleo. Fedun tem fortuna estimada em US$ 6,3 bilhões e comprou o Spartak em 2011.
O primeiro presente para a torcida foi a Otkrytie Arena, moderno estádio concluído em 2014 ao custo de R$ 762 milhões. Fedun investiu pesado, mas faltava-lhe o título. Em Moscou, era motivo de chacota por gastar demais e ganhar de menos. Foram 11 técnicos até chegar ao italiano Massimo Carrera, um ex-assistente de Antônio Conte na Juventus. A descoberta foi quase casual. Carrera era auxiliar de Dmitri Alenichev no início da temporada. Alenichev caiu ao ser eliminado na terceira fase preliminar da Liga da Europa para um time do Chipre.
O italiano montou um time ao estilo de Conte, com muita marcação na defesa e um ataque poderoso. Na metade da temporada, buscou no Milan o centroavante Luiz Adriano, ex-Inter. À frente da área, o ex-gremista Fernando guarnece a defesa. O veterano Samedov, 33 anos, joga aberto na direita. Na esquerda, atua o veloz holandês Quincy Promes. É entre eles e mais próximo de Luiz Adriano que Luan terá de se encaixar.
A temporada começou positiva para o Spartak, como título da Supercopa ganho sobre Lokomotiv, um dos rivais moscovitas. Mas neste fim de semana sofreu dura pancada ao ser goleado por 5 a 1 pelo Zenit, hoje seu maior concorrente, seja em fortuna, seja no campo.
*ZHESPORTES