O Grêmio terá de se inspirar em arrancadas improváveis no Brasileirão para ultrapassar o Corinthians na briga pelo título.
Oito pontos atrás do líder, o time de Renato tem 24 partidas, ou 72 pontos em disputa, para assumir a liderança. Mas será necessária uma campanha quase perfeita: os paulistas têm 85% de aproveitamento e, passadas 14 rodadas, são os únicos invictos no campeonato.
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Embora o técnico Renato ainda se apegue à esperança de que o Corinthians tropeçará mais vezes, a vantagem paulista está na dedicação exclusiva ao Brasileirão, já que usa reservas na Sul-Americana. Enquanto isso, o Grêmio precisa se desdobrar entre Copa do Brasil e Libertadores, o que faz com que Renato tenha de poupar jogadores, como ocorreu nas derrotas para Sport e Palmeiras.
Ainda assim, o ex-técnico Muricy Ramalho, que liderou o São Paulo em 2008 na mais emblemática arrancada para um título na era dos pontos corridos, acredita que o Grêmio pode reagir. Naquele ano, o time do Morumbi reverteu uma diferença de 10 pontos em relação aos gaúchos: ficou 18 jogos invicto no returno e confirmou o título ao final.
– Depois que o São Paulo foi eliminado na Libertadores, tive de agir como um gestor de pessoas. Fazer o grupo acreditar que era possível ser campeão. O Grêmio agora tem até mais jogos do que a gente tinha pela frente, pode reverter – confia.
Hoje comentarista do SporTV, o ex-técnico entende que a janela de transferências pode até ser aliada do Grêmio. Para Muricy, se o time de Renato manter seus destaques e o rival perder nomes como Guilherme Arana e Rodriguinho, especulados na Europa, o campeonato ganhará uma nova cara.
– Se o Corinthians perder um ou dois titulares, complica um pouco. Tudo vai depender de contusões, cartões e eventuais saídas – diz Muricy.
Em 2009, o Flamengo também deu um sprint improvável. O time carioca contou com uma dupla inspirada, formada por Petkovic e Adriano, para arrancar do 7º lugar ao topo da tabela, perdendo somente três jogos no returno e descontando uma diferença de oito pontos para os líderes Inter e Palmeiras. Técnico daquela equipe, Andrade lembra que as vitórias nos jogos com os rivais pela taça foram fundamentais para a conquista.
– Foi uma arrancada inacreditável, os matemáticos nos davam 1% de chance de título. Nós vencemos confrontos diretos contra Palmeiras, São Paulo e Atlético-MG e percebemos que a chance de título existia. Nosso time estava unido e os resultados nos deram confiança – lembra Andrade.
Outro exemplo de arrancada foi protagonizado pelo próprio Grêmio em 2010. Também sob o comando de Renato, em sua primeira passagem como técnico do clube, o time saiu do 16º lugar na tabela, na 18ª rodada, para o quarto lugar ao final do campeonato, garantindo vaga na Libertadores com somente duas derrotas em 21 jogos. O lateral-direito Gabriel, que hoje atua no Miami Dade, nos Estados Unidos, lembra os fatores que fizeram o time crescer.
– O segredo é focar jogo a jogo e esquecer os adversários. O Renato sabe como mobilizar uma equipe. Quando se mistura vontade e qualidade, tudo é possível – observa Gabriel.
Outras reações no Brasileirão
2010
Grêmio (Do Z-4 ao G-4)
O time brigava contra o rebaixamento sob comando de Silas. Com chegada de Renato, o jogo virou. Em 19 partidas, a equipe gaúcha venceu 13 e perdeu apenas dois jogos, acabando na quarta colocação do Brasileirão, com vaga na Libertadores. Um aproveitamento de 75,4% no segundo turno.
2009
Flamengo (Campeão)
Ao ocupar apenas o 10º lugar ao final do primeiro turno do Brasileirão, o Flamengo parecia sem chances de encerrar um jejum de títulos. Mas uma arrancada nas 18 últimas rodadas, nas quais foi derrotado apenas duas vezes, levaram o time treinado por Andrade a ser campeão em 2009 no último jogo, diante do Grêmio, no Maracanã.
2009
Fluminense (Evitou rebaixamento)
Os matemáticos já davam como certo o rebaixamento do Fluminense. Eram 99% de chance de figurar a Série B em 2010, mas contrariando todas as estatísticas, o time de Cuca, liderado por Fred, se manteve na elite do futebol brasileiro na base da garra. Foram 27 rodadas angustiantes para a torcida tricolor, que só pôde respirar aliviada na última rodada com o empate em 1 a 1 com Coritiba, no Couto Pereira. O Fluminense somou apenas 46 pontos em 38 rodadas, sendo 19 nos últimos sete jogos.
2008
São Paulo (Do vice ao título)
O São Paulo perdeu o primeiro jogo do returno para o Grêmio e ficou 11 pontos atrás do time de Celso Roth. Em 19 jogos do returno, o São Paulo de Muricy Ramalho perdeu apenas este jogo, venceu 12 e empatou seis, desempenho fundamental para a conquista de um título tido como improvável.
2007
Flamengo (Do Z-4 ao G-4)
Comandado pelo técnico Joel Santana, o Flamengo ocupava a zona de rebaixamento. Mas na última rodada do primeiro turno, o time arrancou para uma sequência de vitórias na competição, que o levou ao G-4. A equipe carioca saiu da 19ª posição para terminar o torneio na 3ª colocação.
2003
Goiás (De lanterna à Sul-Americana)
Foram 15 rodadas do Goiás na lanterna, que virou o turno na última posição. Mas com a chegada do técnico Cuca, o time cresceu de produção e saiu da zona de rebaixamento ao 9° lugar, conquistando uma vaga na Copa Sul-Americana.
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