O bate-papo com Renato Portaluppi, que rendeu uma excelente entrevista dos colegas Marco Souza e Luís Henrique Benfica, revelou muito do que o treinador pensa, de maneira franca, e, principalmente, uma espécie de mágoa, justificada e correta, com tratamento de parte da imprensa e da torcida. A cada jogo, vem aquela história que ele pegou um time pronto de Roger, que o time é o de Roger, e todo aquele bla bla bla. A reflexão de Renato sobre esse assunto é bem interessante: se o trabalho de Roger, que acho um bom técnico, fosse tão bom, porque ele saiu do Grêmio?
Não quero aqui trabalhar como advogado de defesa de Renato, longe disso. Mas, relembrando o trabalho de nosso ex-técnico, é claro que enxergo que ele deixou uma boa herança. Mas, é importante lembrar: fizemos um fiasco absurdo no Gauchão, perdendo para o Juventude, que foi patrolado pelo Inter, depois, na final. Na Libertadores, contra o Rosário Central, outro fiasco homérico.
No Brasileirão, tivemos um bom começo. Mesmo assim, Roger não conseguia arrumar um problema que existia há algum tempo: a bola aérea defensiva. Na metade do ano, a coisa degringolou e o time de Roger protagonizou mais fiascos, levando goleadas de time como o Coritiba. Ali, ainda aparecia o mesmo problema da bola aérea, somado a outro: aquele "toque-toque" do time, que não levava a lugar nenhum, e tornava o jogo do Grêmio extremamente lento. Na manhã deste domingo, aliás, o timaço de Roger, o Galo, cheio de estrelas, empatou com a Ponte Preta...
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Na entrevista, Renato fala, ainda do rótulo de motivador. Ora, um cara que ganhou dois títulos por grandes clubes do Brasil, Grêmio e Fluminense, é bem mais que um motivador, goste-se dele ou não. Claro que 2017 exige um trabalho de fôlego, e não há garantia que o trabalho dele seja bem-sucedido nas três competições que disputamos.
Mas, acompanhando a evolução do Grêmio nos jogos, dá para notar que tem dedo do técnico, sim. A transição da zaga para o ataque é muito mais rápida, o Grêmio marca mais gols do que na época de Roger. A defesa, com a afirmação de Kannemann, é muito mais segura. É claro que, a estes componentes, devem ser somados os méritos da direção, que contratou o nomes certos em 2017. Temos dois bons laterais pela direita, um bom reserva para Marcelo Oliveira, e um grande atacante, de outra turma, o mais novo ídolo da torcida, Barrios. Além de Gastón Fernández, jogador que ainda contribuirá muito com o Grêmio.
Acredito que Renato terá seus erros, como já teve em alguns jogos importantes. Porém, na soma, ele tem mais créditos que débitos. E me arrisco a dizer: é o melhor técnico gremista dos últimos (muitos) anos.