Pode parecer cedo, mas Lucas Barrios, autor de nove gols desde sua chegada ao Grêmio, dois deles na vitória contra o Fluminense, quarta-feira, pela Copa do Brasil, já dá os passos iniciais para ingressar numa seleta galeria de grandes atacantes do clube.
É uma lista que cruza as décadas, e remete a nomes como Alcindo, Baltazar, Lima, André Catimba, Jardel, Jonas e Tarciso.
Foram do paraguaio sete dos últimos 11 gols marcados pelo Grêmio. De acordo com dados de Marcos Bertoncello, plantão esportivo da Rádio Gaúcha, Barrios fez um gol a cada 86 minutos em que esteve em campo, desde sua estreia no Gre-Nal de 4 de março, pelo Gauchão.
Quinta-feira, durante o programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha, o narrador Pedro Ernesto Denardin observou que, a exemplo de André Catimba, que marcou, entre outros, o gol que quebrou a hegemonia gaúcha do Inter, em 1977, Barrios não se limita a esperar pela bola dentro da área adversária. Também busca espaços para tabelas ou serve como pivô para jogadores que venham de trás.
– Que bom que ainda lembram de mim? Quem sabe não surgiu o meu sucessor? – comentou André Catimba, localizado em Salvador por Zero Hora.
Quarenta anos depois de entrar na história do Grêmio, ele ainda segue vinculado afetivamente ao clube. Diz que chega às lágrimas quando algum torcedor gremista o aborda na capital baiana para recordar sua passagem pelo clube em um período de supremacia do rival.
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Quinta, André assistiu ao jogo pela televisão e ficou nervoso quando o Fluminense saiu na frente.
– Tomei um susto. Pensei: tem alguma coisa errada. Mandei um recado (mentalmente) para Renato para que fizesse a rapaziada acordar. Deu certo – sorri.
Lucas Barrios conta com a admiração do velho centroavante, que irá completar 71 anos em outubro. Ao vê-lo em ação, André lembrou de sua época, na qual a responsabilidade da vitória recaía basicamente sobre os centroavantes.
No seu caso, a missão foi bem cumprida. Foram 67 gols, entre 1977 e 1979 e uma legião de fãs do futebol que misturava força, técnica e malícia.
– Ele tem tudo para se declarar titular. Gosto dele. Tem luta, vontade, disposição. Comparado com o jeito que se joga hoje, é um centroavante como eram os antigos. Aliás, hoje não tem mais centroavante, nem ponteiros –compara Catimba.
Para o ex-centroavante Nildo, Lucas Barrios já justificou sua contratação pelo Grêmio. Em Belém-PA, ao lado dos filhos, que são gremistas, o autor do gol decisivo da Copa do Brasil de 1994 observou pela televisão a desenvoltura do centroavante dentro da área do Fluminense.
– Ele chama a responsabilidade. E conta com a ajuda de todo o time. Luan é muito rápido, esse menino Arthur joga demais e Pedro Rocha faz o trabalho sujo – comenta.
Nildo também valoriza a participação dos laterais. Elogiou Bruno Cortez, pela frequência com que chegou à frente para os cruzamentos e Léo Moura, "uma surpresa agradabilíssima", em sua opinião. O resto, diz, fica por conta da competência de Barrios.
– Centroavante não é posição, é profissão. Para um matador, meio toque é muito. Acima disso, já é demais – destaca, ao citar o segundo gol, em que o camisa 18 encontrou o único espaço possível para jogar a bola, entre as pernas do zagueiro Renato Chaves, do Fluminense.
Em entrevista coletiva, Barrios disse que ter acertado com o Grêmio foi uma das melhores decisões de sua carreira. Observou que, com a chegada de Borja, precisava buscar outros caminhos. Ao comentar o gol citado por Nildo, foi didático:
– Eu estava olhando para o lado, iria dar o passe para Luan e terminei chutando porque o defensor me deu esta oportunidade. Tem que ser frio e tratar de estar concentrado na hora de finalizar. São segundos que fazem a diferença.