Renato Portaluppi sempre andou alguns passos adiante dos demais no futebol. Era assim nos tempos de jogador. Muitos previam que o atacante intempestivo e provocador viraria mais um caso de jogador perdulário que varia um aposentado empobrecido. Foi o contrário. Renato administrou muito bem sua carreira e melhor ainda suas finanças. Como técnico, contraria a ideia de que se trata de um motivador. Mostra no Grêmio, mais uma vez, que sabe mexer as peças em campo – e também não mexer quando elas estão no lugar correto, como foi no caso do time herdado de Roger.
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Ser treinador de futebol hoje requer, antes mesmo de conhecimentos táticos, uma compreensão da alma do jogador. É o que convencionou chamar de "gestão de vestiário". O que Renato tem de sobra. O episódio da concentração dos jogadores é prova disso. Ele anteviu que precisará confinar seu grupo por seis dias para os jogos contra Veranópolis e Deportes Iquique. O que fez Renato? Iniciou as concentrações espichadas duas semana antes, aproveitando o jogo contra o Juventude, que no momento atual, convenhamos, está longe de exigir mobilização prolongada.
Na semana seguinte, outra vez, confinou o elenco. É evidente que houve muxoxos. Que desapareceram agora, quando a ideia de ficar mais alguns dias na rotina monótona do hotel deixou de ser exceção. Para completar, Renato ainda a temperou com a malícia que aperfeiçoou em 30 anos de praia no Rio. Antes de que as insinuações sobre comportamento fora dos padrões dos jogadores vicejassem, ele se saiu com a explicação de que concentrar era preciso devido às tentações que se apresentam aos seus jovens jogadores. Pronto. O que era um problema, ganhou até batismo de um tema do momento, a operação Carne Fraca.