Uma dúvida instalou-se nas cabeças gremistas quando Renato Portaluppi, em entrevista, anunciou que Edílson, após longa parada por lesão, voltaria ao time. Como retirar Léo Moura, destaque com boas atuações e gols? Renato resolveu bem o dilema. Colocou o ex-flamenguista no meio para o retorno do titular.
No 4 a 0 sobre o Juventude, Edílson e Léo formaram uma dupla afinada. Por vezes, compunham um trio pela direita, acrescido de Ramiro. Nesta entrevista, Edílson analisa a parceria, o desejo de conquistar novos títulos pelo Grêmio e, até mesmo, um projeto de chegar à Seleção. Quanto à parceria com Léo Moura, será testada novamente neste domingo, contra o Veranópolis, na abertura das quartas de final do Gauchão.
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Seu último jogo havia sido a final da Copa do Brasil. Como foi a volta depois de uma parada tão longa?
Me preparei bastante, no campo e na academia, esperando essa volta. O primeiro jogo é sempre muito difícil, pela falta de ritmo. Mas vai melhorar. Depois que operei o joelho, tive a lesão na panturrilha e isso atrapalhou um pouquinho. Agora, estou me sentindo bem.
Todos ficaram impressionados com o bom entrosamento com Léo Moura. O que foi determinante para isso?
Até comentei com ele, ao final contra o Juventude, que nem havíamos treinado juntos. O Renato havia dito um dia antes que, pela experiência, nem precisaríamos treinar, somos jogadores inteligentes e experientes. Foi bem isso o que aconteceu. Quando eu ia, ele ficava. Quando eu passava, ele vinha na minha para dar cobertura.
Como fizeram para sincronizar esse movimento?
Pelo olhar, a gente já sabe. Deu para fazer várias trocas com o Ramiro também. Acredito que, neste ano, teremos um lado direito forte. É o que esperamos.
É possível dizer que o Grêmio tem os dois melhores laterais-direitos do Brasil?Considero a nossa uma das melhores duplas do futebol brasileiro. Léo criou uma história maravilhosa no futebol, especialmente no Flamengo. E eu estou criando um vínculo cada vez mais forte aqui no Grêmio.
Como controlar a ansiedade nos momentos de afastamento por lesão?
É muito difícil. Não gosto de ficar de fora de treinos e jogos. De repente, até errei em querer voltar mais rápido, passar as fases do tratamento e machucar a panturrilha. Falei para o Renato: prefiro errar estando em campo a ficar dentro do DM.
Vale o mesmo para Douglas. Como ele tem encarado este afastamento?
Ficamos muito chateados com esse tipo de lesão (rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho), que é a mais demorada. Mas temos conversado muito, por WhatsApp ou aqui dentro mesmo. Tenho certeza de que nosso maestro voltará ainda mais forte.
O Grêmio tem grupo suficiente para conquistar a Libertadores?
Nós, os jogadores mais rodados, sempre nos expusemos, pedimos jogadores mais experientes do nosso lado. A diretoria fez bem. Além de manter o grupo, melhorou-o. Temos tudo para fazer uma grande Libertadores. Mas também valorizamos o Gauchão. Estamos muito focados nesse títulos que não ganhamos há seis anos. Estava aqui em 2010 (no último estadual do Grêmio). Este grupo tem tudo para marcar história nessa passagem aqui.
Em 2016, você se caracterizou por provocações ao Inter. Sobretudo no episódio da bandeirinha no Beira-Rio. Essas coisas fazem falta no futebol brasileiro?
Acho que falta, sim. Estes dias, vi a entrevista do Felipe Melo (o volante palmeirense provocou a torcida do Santos na Vila Belmiro). O futebol, às vezes, está meio chato, não podemos mais brincar. Mas falo da rivalidade sadia, nada que parta para o lado da violência. O que move as grandes torcidas, enche os estádios, é a rivalidade sadia, mas nada de desrespeitar.
A provocação da bandeirinha foi planejada?
Nunca faço nada planejado, são coisas espontâneas. Mas há coisas negativas, como a briga com Rodrigo Dourado. Aquilo não vai mais acontecer.
Você percebeu a mudança de comportamento dos torcedores após a conquista da Copa do Brasil?
Quando cheguei aqui, falei na coletiva que daria minha vida para conquistar um título. Quem está em clube grande como o Grêmio, com uma história maravilhosa, não pode se contentar só com vaga na Libertadores. Foi um feito histórico. Como viajei com minha mulher no dia seguinte ao título, não pude curtir muito na hora. Na volta é que senti o carinho dos torcedores em Atlântida. E aí foi demais. É isso que marca a vida de um jogador.
A exemplo do Inter, o nível do Grêmio está abaixo no Gauchão?
O nível do Gauchão está muito elevado neste ano. Os times do Interior estão bem melhores. Acredito que a Dupla ficou um pouco abaixo. Retomamos contra o Juventude, mas é pouco ainda. Agora, na reta final, os jogadores se juntam cada vez mais, e a tendência é crescer.
Você trabalhou com Tite no Corinthians. Como vê o trabalho dele na Seleção? Estou achando maravilhoso. Trabalhei com ele, se preparou muito para este momento. Não só ele como toda a comissão técnica e o Edu Gaspar (supervisor) são caras excepcionais. Tite será o melhor técnico da história da Seleção Brasileira, sem sombra de dúvida. É muito forte mentalmente.
Ele já anunciou que, com a seleção classificada, poderá fazer testes. Fágner, seu companheiro no Corinthians, já foi convocado. Você sonha com uma chance?
Não sonho com isso. Sonho é quando a gente é mais novo. A gente trabalha para isso, se prepara para isso. Vou me preparar para conquistar títulos pelo Grêmio. Se a convocação vier como consequência, ficarei muito grato.
O que você gosta de fazer fora do futebol?
Gosto muito de rodeios, sou um caipira nato. Sou do interior do Paraná (Nova Esperança), minha família nasceu nesse meio, é de sangue, acompanho os rodeios nos Estados Unidos e aqui. No ano que vem, irei ao de Vacaria. Aqui no Grêmio, Fábio Rochemback também gostava muito. Ele até cria cavalos crioulos, me convidou para conhecer.
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