Fabrício André Rohr acordou nesta quinta-feira com dores por todo o corpo. Era como se tivesse sido atropelado por um caminhão. Ignorou o apelo das pernas por descanso, vestiu a camisa do Grêmio e partiu para a BR-116, cenário do calvário do dia anterior. Havia uma promessa a cumprir, a de caminhar de Igrejinha, onde vive, até a Arena. À noite, Fabrício vai finalmente descansar da jornada de dois dias e 90km fazendo o que mais gosta: torcer por seu time.
Em outubro, com o Grêmio em meio à campanha na Copa do Brasil e o Inter ameaçado de rebaixamento, Fabrício publicou em um grupo de amigos no Facebook que faria a longa caminhada se o sonhado título viesse acompanhado da ida do rival para a segunda divisão.
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– Na verdade, não achei que ia acontecer. Principalmente pelo Inter. Os outros times eram muito piores (risos) – afirma o andarilho.
Às 6h da manhã de quarta-feira, ele deixou a casa em Igrejinha e deu início ao trajeto. Carrega uma mochila às costas com roupas, itens de higiene e água. Para em postos de gasolina para descansar e se alimentar – em um deles viu uma ambulância e aproveitou o atendimento atencioso de uma enfermeira gremista para checar os sinais vitais. E anda.
Conta, eventualmente, com a ajuda dos amigos que vão ao seu encontro na estrada para lhe dar apoio moral e garrafas d'água. Todos se preocupam com a saúde de um sedentário que, por paixão clubística, aventurou-se em dois dias de exercícios extenuantes.
Na quarta à noite, após percorrer quase 50km, parou na casa de amigos em Novo Hamburgo para dormir. Quando voltou à estrada, na manhã desta quinta, percebeu que o fôlego já não era o mesmo. O ritmo caiu, e Fabrício repousa a cada dois, três quilômetros. Quando atendeu a reportagem de ZH, estava em Sapucaia, próximo ao zoológico. Ainda faltavam, portanto, cerca de 30km até o fim do trajeto.
– Se eu estivesse no ritmo de ontem (quarta), chegaria cedo na Arena. Mas acho que vou chegar à noite mesmo – diz um consciente Fabrício, que vai acompanhar no estádio a estreia no Gauchão diante do Ypiranga.
Ao menos o gremista foi precavido e procurou o consulado do clube em Igrejinha antes de começar a jornada. O motivo: conseguir uma carona de volta. Lupicínio Rodrigues foi certeiro ao resumir a paixão tricolor com o "até a pé nós iremos" que dá início ao hino, mas um hipotético "até a pé nós voltaremos", para um torcedor sedentário, seria uma imprudente demasia.
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