Vamos combinar uma coisa? Vestiário blindado, com um comando que esteja se refletindo nos jogadores, não permite que briguinhas infames de dirigentes influenciem no rendimento dentro de campo. Se você estiver falando em atrasos salariais e outras (faltas de) motivações, ah bom, aí é outra conversa. Mas, definitivamente, não é o que parece. Escrevo este texto para contestar o raciocínio que identifica nas brigas de dirigentes o motivo do péssimo rendimento gremista dentro de campo. Farei isso pontuando meus argumentos:
1) Roger Machado manifestou, depois de uma sequência de resultados vexatórios, que deixava o clube não porque queria, mas porque precisava fazê-lo. Sei a opinião do Roger. Ele queria ser no Grêmio o que o Ferguson foi no Manchester, décadas dirigindo o clube do coração. Não estou fazendo ilações, estou dando informação.
2) O inteligente e sensitivo Roger percebeu que o grupo não estava respondendo ao seu comando, infelizmente. Problema dele? Muito provavelmente não. Gremistas como eu, na sua grande maioria, querem vê-lo novamente um dia na casamata, quem sabe para dar uma de Ferguson. E isso sim, por ora, é uma ilação.
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3) Este jornalista, assumidamente gremista e até com livros lançados sobre o Grêmio, tem ojeriza a politicalhas internas num clube de futebol e acha que, de alguma forma, elas prejudicam e muito a instituição. Logo, a intenção deste texto não é a de livrar a cara de quem, por vaidade ou ambição, faz do clube uma trincheira.
4) Roger, a quem admiro e tenho até como amigo, claramente sentiu que não estava dando conta de um vestiário que, de uma hora para outra, desandou. Mas é necessário que se diga: não são os dirigentes brigões e autofágicos que fazem um jogador ser displicente na hora de concluir, tirar o pé na dividida ou dormir em campo.
5) As divisões internas na política dos nossos clubes explicam muito do contexto geral. Mas a apatia de um time que vinha bem e que até parecia ser um grupo fechado não se explica por fatores políticos, de dirigentes. Talvez Roger tenha enxergado o que ocorria e raciocinado como o gremista que é: o momento não era mais para ele. O comando do clube aceitou sua demissão relutantemente e viu em Renato o cara que vai blindar o vestiário e, por assim dizer, injetar sangue a mais nas veias dos jogadores _ é o que todos sonhamos que ocorra.
Tomara que dê certo e que tanto um quanto o outro, Renato e Roger, ainda venham a conquistar muitas glórias pelo clube que tanto amamos. Tenho a impressão de que ambos agiram como gremistas desprendidos nesse episódio todo.E os dirigentes? Precisam urgentemente parar com as briguinhas infames, porque isso mina uma instituição. Mais: se havia críticas ao trabalho do Roger, os elogios eram muito mais numerosos. Roger não deve se preocupar, porque unanimidades, como dizia Nelson Rodrigues, não pé exatamente sábia. Mas, neste caso específico, por mais que as briguinhas de vaidade sejam reais e infames, certamente não é isso que faz um jogador tirar o pé da dividida.
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