Iago tentou fugir da lateral por cinco anos. Do ala das quadras do Fluminense do futsal, o jogador foi improvisado no meio de campo quando passou aos gramados. Desde 2011, quando ainda estava na base do Fluminense, o carioca confiava na habilidosa perna esquerda para ser um meia, vestir a camisa 10 que já foi de Roberto Rivellino e de Assis e brilhar no Maracanã. Confiava tanto que acreditava ser possível disputar vaga com Gerson, hoje na Roma, Robert, ex-Barcelona B e de volta ao Fluminense, e Kenedy, atualmente no Chelsea.
A relutância em trocar de posição custou espaço nas categorias de base do Fluminense. Como meia, pouco jogava. Insatisfeito com a reserva, mobilizou o grupo de investidores que cuidava de sua carreira. O Grêmio abriu-lhe as portas, e o guri desembarcou em Porto Alegre no começo de 2013.
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Bastaram seis meses para Iago avisar de que ficaria, mesmo que o inverno fosse rigoroso e houvesse distância de casa. O acerto com o Grêmio foi fechado com contrato de cinco anos – até a metade de 2018 – e cláusula de compra pelo clube no final desse período para seguir com ele.
O problema é que, na base gremista, Iago passou a ter as mesmas dificuldades dos tempos de Fluminense. Com alta concorrência na meia, o jogador passou a ser utilizado em algumas partidas como volante. O que pouco mudava a condição de reserva. Apesar da insistência dos técnicos, resistia em recuar para a lateral-esquerda, onde poderia se beneficiar da velocidade, da força e da habilidade na parte ofensiva.
Com a saída de Breno para o Vitória de Guimarães e as promoções de Marcelo Hermes e Júnior, criou-se uma carência na lateral-esquerda do sub-20 gremista. No final de 2015, antes do início da Copa RS (novo nome do Brasileirão Sub-20), o diretor-executivo Júnior Chávare e o técnico Roger Machado novamente chamaram Iago para uma conversa. Segundo Luis Paulo Peixoto de Lima, o Bugre, que comandou o time na competição, Roger foi direto:
– Iago, quer ser rico? Vai para a lateral que vai ganhar muito dinheiro.
De características bem ofensivas, mas com muita força para um jogador de 1m72cm, Iago recebeu atenção especial da comissão técnica no grupo de transição para evoluir no aspecto defensivo.
– O Iago não marcava tanto. Tem habilidade, aparece fácil para jogar. Nossa preocupação era com a parte defensiva, mas trabalhou muito isso. Ele chega fácil à frente. tem passe qualificado e também chuta muito bem - descreve Bugre, hoje auxiliar do técnico Felipe Endres no grupo de transição.
Incentivado por Roger, um lateral-esquerdo de primeira linha nos tempos de jogador, Iago abraçou a oportunidade. O reconhecimento que buscava desde os tempos de Fluminense veio rápido. Ao final da Copa RS, foi destaque ao lado do volante Arthur, do meia Tontini e do centroavante Batista. Antes das férias, recebeu o comunicado de que deveria se apresentar para a pré-temporada no grupo principal.
– Apesar da técnica carioca, Iago um jogador de muita força. Isso nos chamou a atenção. Começou como meia, mas veio recuando. Identificamos o potencial, mas ele demorou um pouco para se convencer – relembra Chávare.
Para auxiliar Iago na transição da base ao profissional, Ricardo Silva deixou a mulher e a esposa no bairro da Penha e veio morar com o fliho em Porto Alegre.
– Estamos nesta luta desde os sete anos. O Roger não só acreditou no potencial do jogador de futebol, mas também estimulou o meu filho a tentar uma coisa diferente. É um cara que mostrou um caminho profissional para o Iago, algo que ele tem feito com outros moleques no Grêmio – comentou Ricardo.
No treino de ontem, Iago recebeu a primeira oportunidade entre os titulares. Com a suspensão de Marcelo Oliveira e o afastamento de Marcelo Hermes, o caminho ficou aberto para ele. Iago completou a linha de defesa com Edílson, Geromel e Wallace Reis. No trabalho, ouviu as orientações de Roger com atenção. Da mesma forma que havia feito no final de 2015.
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