O blog wallaceleu.com.br ganhou uma nova cor. Quem está habituado a acessá-lo percebeu que a página inicial, antes em vermelho e preto, agora é azul. Responsável pelas postagens, o zagueiro Wallace substituiu a cor antiga, uma homenagem aos torcedores do Flamengo, pela do clube atual, o Grêmio.
A leitura é o passatempo preferido do novo parceiro de Pedro Geromel. Trata-se de um apaixonado pelas letras. Tanto que, em 2015, ano do auge no Flamengo, o zagueiro acolheu a sugestão de seu assessor de imprensa, Guilherme Mendes, e criou o blog. É um espaço no qual publica resumos de suas leituras mais recentes. Sua produção de textos é regular.
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No começo da semana, Wallace postou no blog a resenha do livro No Estilo Jalisco, que fala da mítica Seleção Brasileira tricampeã em 1970, no México. Também comentou Futebol e Guerra, obra que descreve a partida entre Dinamo de Kiev e uma seleção formada por soldados nazistas, em 1942, em plena Segunda Guerra. O que surpreende é encontrar tempo para isso, em meio a suas atividades como atleta profissional.
– Futebol não é uma atividade que ocupe o jogador muitas horas por dia. No máximo, umas três ou quatro. Sobra bastante tempo para outras coisas. Wallace prefere a leitura – explica Guilherme Mendes.
O gosto pela leitura nasceu em 2003, quando Wallace atuava na base do Vitória-BA, onde chegou aos 16 anos. O clube incentivava os garotos a que lessem nas horas vagas e o zagueiro iniciou-se com "O Homem que Matou Getúlio Vargas", de Jô Soares. Hoje, orgulha-se de ter milhares de livros em casa.
Como o torcedor é passional, tudo mudou quando o desempenho caiu em campo. Os mesmos flamenguistas que elogiavam Wallace pela sensibilidade e até acessavam seu blog, passaram a criticá-lo por se preocupar mais com as leituras do que em jogar.
– Esse é um problema cultural do nosso país. Talvez ele devesse se preservar um pouco mais. Por vezes, a superexposição atrapalha o profissional – avalia Rodrigo Caetano, executivo de futebol do clube carioca.
Dentro do vestiário, Wallace conta com a cumplicidade de Roger Machado, outro devorador de livros desde a época em que era lateral esquerdo do Grêmio. Para o técnico, jogador que gosta de leitura só causa estranheza em um país em que apenas 2% dos profissionais da bola possuem curso superior.
– Existem vários tipos de inteligência, uma delas é a esportiva. Se, culturalmente, o jogador for mais desenvolvido, isso vai se refletir na profissão e em seu jogo – entende Roger.
Ex-executivo de futebol do Flamengo, Paulo Pelaipe também elogia a inteligência de Wallace e diz que ela facilita seu relacionamento dentro do clube.
– Wallace é uma liderança positiva. Seu nível intelectual lhe permite um diálogo elevado com a direção e colegas de vestiário – afirma.
Outro ponto ressaltado por Pelaipe é a liderança do zagueiro, que virou capitão do Flamengo quando Léo Moura deixou o clube. Algo que, em sua opinião, poderá ocorrer também no Grêmio.
– Ele pode ser um segundo capitão, representante do técnico dentro de campo. Sua personalidade lembra a do zagueiro William (ex-zagueiro do Grêmio, atual comentarista do SporTV). É um jogador que se mostra presente nas horas boas e ruins – destaca Pelaipe.
A personalidade forte, acredita Pelaipe, pode ter prejudicado o zagueiro no final de sua passagem pelo Flamengo. Por não ter se omitido em dar entrevistas no momento em que os maus resultados chegaram, Wallace pode ter sido apontado pela torcida como o principal responsável pelos problemas.
Desde jovem, Wallace já sabia como liderar seus colegas em campo. Revelado pelo Vitória, virou titular da equipe baiana em 2009, pelas mãos de Paulo César Carpegiani. Até hoje, o técnico se diz impressionado com a competitividade do zagueiro, que naquela época tinha 21 anos.
– Lembro que ele sempre foi muito exigente, cobrava muito dos colegas. Ele não admite derrota, se irrita muito quando perde. Sempre gostei deste perfil de jogador, é uma liderança positiva dentro do grupo – conta Carpegiani.
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