Numa parceria inédita no futebol brasileiro, o Grêmio acertou com a Umbro, do Grupo Dass, e não usará logos de patrocinadores nas omoplatas das camisas oficiais da temporada. Uma pesquisa qualitativa da Index revelou que os torcedores gremistas não gostam de anúncios aplicados nas proximidades do distintivo do clube. O executivo de marketing do clube, Beto Carvalho explica os detalhes do novo negócio.
O que você pode dizer sobre a nova ação do marketing gremista?
Na busca por patrocinadores, já que temos disponíveis os ombros, as omoplatas e os números nos uniformes, resolvemos fazer uma pesquisa com quatro grupos de torcedores de diferentes idades da Região Metropolitana. Que interferência o patrocinador tem nas decisões de compra dos consumidores gaúchos? Queríamos saber qual é a percepção do torcedor sobre patrocínio e camisetas. A aceitação do patrocínio máster, logo no peito do uniforme, por exemplo, foi total, quase 100%.
E nas outras posições?
Tivemos algumas surpresas. Observamos que o fã rejeita logos que se posicionam nas omoplatas, ao lado ou acima do escudo do Grêmio. "Nada pode ser maior do que o clube", ouvimos de torcedores nas pesquisas de análise de percepção de marcas nos uniformes. Há uma clara sensação de que um logo aplicado nas omoplatas não faz bem a camiseta, segundo o torcedor que compra essa mesma camiseta. Ele não gosta.
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E o que você fizeram?
Pensamos, pensamos e discutimos muito internamente no marketing. Buscamos uma solução fora da casinha, como digo. Levamos a informação ao Grupo Dass, empresa responsável pela Umbro, que é nossa parceira e com quem temos um estreito relacionamento. Ele ouviu. Achou interessante a pesquisa. Notou que o torcedor não queria a marca de um patrocinador nas proximidades do sagrado distintivo do clube, fosse ele qual fosse. O formato do logo ou a cor da imagem também não importava. Muito menos a cor, azul, preta, branca, qualquer uma. A rejeição era de 60%. A Umbro entendeu que a camisa teria mais valor de venda sem um logo nessa área específica. Na frente da camisa, porém, ninguém se importa. Já faz parte do futebol.
E que novo negócio vocês fizeram a partir dos dados das pesquisas?
Acertamos "um não patrocínio patrocinado". Entende? Não aplicaremos um logo na área. O torcedor não quer. A camisa perderia valor de mercado. Assim, fechamos um novo negócio com a Umbro. Receberemos um valor em dinheiro e outro em mercadorias nas lojas do clube. O total arrecadado com as vendas ficará com o clube. Ou seja, quanto mais o torcedor comprar camisas, melhor será o resultado financeiro da Umbro. Negociamos o espaço, mas ele ficará livre.
É uma ação inédita no país?
Sim. O clube precisa vender espaços nos uniformes, mas descobrimos que o torcedor não gostaria que sua camisa abrigasse mais um logo. Camisa é sua referência, bandeira, manto sagrado. Respeitamos a vontade dele. Consultamos a parceira que fornece os uniformes. Ela entendeu. Junto, encontramos um caminho. Bancou a ideia. A torcida ficará feliz, o parceiro foi integrado ao processo e gostou, e o clube também. Ou seja, todos os pontos foram ligados em nome de um só interesse. Venceu o torcedor, a paixão gremista.
Quando serão lançados os novos uniformes?
Há duas novas camisas no mercado desde o começo do ano. Uma terceira está nos nossos planos. Não tem data certa, mas será oferecida no começo do segundo semestre. Ainda buscamos modelo e cor. Mas posso dizer que não abandonaremos as três cores tradicionais. Não existe possibilidade de nascer uma camisa do Grêmio oficial com uma cor que não sejam as originais do clube.
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