– Não ter a bola não quer dizer que não vamos controlar o jogo.
A frase é de Roger, na entrevista coletiva desta terça-feira, e dá ideia da estratégia que ele imagina para sua equipe diante da LDU. Quem me acompanha sabe que defendo a manutenção da identidade do time onde quer que jogue. Esse Grêmio gosta da marcação adiantada, da valorização da posse de bola, mas concordo que, em Quito, manter essa filosofia é complicado demais.
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A decepcionante atuação do San Lorenzo contra os equatorianos, na estreia da Libertadores, fornece indícios do perigo de ser exageradamente ofensivo na altitude. Os argentinos têm um modelo de jogo semelhante ao gremista, e o técnico Pablo Guede quis manter a postura agressiva. O fracasso foi retumbante. Sem fôlego, seu time não conseguiu sequer trocar passes, desgastado demais para se movimentar e dar alternativas a quem tinha a bola. O posicionamento adiantado agravava os problemas, já que deixava a equipe vulnerável às investidas em velocidade dos donos da casa.
Considerei um equívoco de Roger o recuo do Grêmio diante do Toluca, atuando na altitude mais moderada. Ao contrário de algumas análises que viram um time maduro no primeiro tempo, esperando oportunidades para sair no contra-ataque, creio que o domínio mexicano se deu desde o apito inicial. O Grêmio traiu suas características ao se retrair demais, e ficou "encaixotado" em seu campo.
Contra a LDU, porém, a história é diferente. Ainda que o Grêmio leve evidente vantagem técnica, a questão física não pode ser desprezada a mais de 2.800m acima do nível do mar. Marcar na frente, como o time faria em situações normais, traria um desgaste que qualidade nenhuma poderia equiparar. Melhor, então, que a equipe fuja de seu plano usual de jogo.
É aí que entra a frase de Roger: recuar não significa, necessariamente, abdicar da vitória. Se for bem organizado e tiver uma saída lúcida para os contra-ataques, o Grêmio pode dominar a partida, mesmo que não tenha volume, controle territorial e posse de bola.
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